Papa exorta padres pedófilos a se entregarem à 'justiça humana'

Francisco promete ainda que a igreja não irá mais acobertar ou minimizar casos de abusos

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Vaticano | Reuters

O papa Francisco exortou nesta sexta-feira (21) os padres acusados de pedofilia a se entregarem à justiça humana, em uma das mais fortes declarações já feitas pelo pontífice sobre a crise que envolve a Igreja Católica.

"Àqueles que abusaram de menores diria isso: convertam-se e entreguem-se à justiça humana e preparem-se para a justiça divina", afirmou Francisco durante seu sermão de Natal para a Cúria, a administração central do Vaticano.

Não está claro se ele se referia ao sistema judicial da própria igreja, à justiça civil de cada país ou a ambos.

Papa Francisco durante sermão de Natal diante da Cúria, no Vaticano - Filippo Monteforte/AFP

As declarações ocorrem dois meses antes de uma cúpula extraordinária sobre abuso sexual na igreja, que contará com os chefes de algumas das 110 conferências de bispos de diversos países, além de especialistas e líderes de ordens religiosas. O encontro será em fevereiro, no Vaticano.

O papa usou sermões de Natal anteriores para denunciar casos de corrupção e de má administração na Curia, mas desta vez se concentrou na pedofilia. 

"Vamos deixar claro que, diante dessas abominações, a igreja não conterá esforços para fazer tudo que seja necessário para levar à justiça quem quer que tenha cometido esses crimes. A igreja nunca tentará acobertar ou não levar a sério quaisquer casos", afirmou.

O papa reconheceu que a igreja cometeu sérios erros no passado mas prometeu que os transformará em "oportunidades para eliminar essa corja" da igreja e da sociedade em geral. 

Francisco fez uma referência indireta a incidente durante sua visita ao Chile neste ano, em que defendeu um bispo acusado de acobertar os abusos. Depois, ele abriu uma investigação e aceitou a renúncia daquele bispo e de outros religiosos chilenos.

"É inegável que alguns, no passado, por irresponsabilidade, descrença, falta de treinamento, inexperiência ou miopia espiritual e humana, trataram muitos casos sem a seriedade ou a prontidão que eram devidas", afirmou.

"Isso nunca mais deve acontecer. Essa é a escolha e a decisão de toda a igreja", acrescentou. 

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