Cinco meses após se eleger, o líder esquerdista Andrés Manuel López Obrador assume neste sábado (1º) a Presidência do México com o desafio de acelerar o desenvolvimento econômico para cumprir as promessas de diminuir a pobreza e melhorar a distribuição de renda.
Reflexo de sua alta popularidade, a posse presidencial deve atrair uma multidão ao centro da cidade.
As festividades incluem a abertura ao público da residência presidencial de Los Pinos, que ocupa uma área de 56 mil metros quadrados, 14 vezes maior do que a Casa Branca. Será a primeira vez na história que o local será aberto ao público desde a inauguração, em 1934.
O governo mexicano confirmou a presença de ao menos 15 chefes de Estado e de governo, entre os quais o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, os presidentes Evo Morales (Bolívia) e Iván Duque (Colômbia), o líder cubano Miguel Diáz-Canel e o rei espanhol, Felipe 6º.
Os Estados Unidos estarão representados pelo vice-presidente Mike Pence e pela filha de Donald Trump, Ivanka. O Brasil enviou o ministro da Justiça, Torquato Jardim.
Passada a inauguração, López Obrador terá uma árdua tarefa para cumprir as altas expectativas geradas pela campanha como candidato antissistema.
Para alcançar a promessa de crescimento anual do PIB de 4%, por exemplo, terá de dar um grande salto —o último mandatário a atingir esse patamar foi Carlos Salinas (1988-1994).
O presidente que se despede, Enrique Peña Nieto, conseguiu um crescimento médio de 2,2% ao longo dos seis anos de mandato.
Com uma taxa de popularidade de apenas 26%, ele sai manchado por escândalos de corrupção e pelo aumento da violência no país. Sua legenda, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), que dominou a política mexicana por décadas, está mergulhado em uma crise sem precedentes.
A missão ficou mais difícil. Enquanto cumpria um dos períodos de transição mais longos do mundo (em 2024, será reduzido para três meses), López Obrador decidiu, em outubro, suspender a construção do novo aeroporto da Cidade do México, que já estava em obras e custaria cerca de US$ 14 bilhões (R$ 54 bilhões).
O anúncio aumentou o temor, dentro e fora do México, de que o líder esquerdista revisaria outros contratos, incluindo no setor petroleiro.
O resultado foi a desvalorização do peso, queda na Bolsa e a migração de fundos estrangeiros do México para o Brasil —o presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, é visto pelo mercado como mais confiável do que o colega mexicano.
Por outro lado, López Obrador tem sido mais pragmático com o presidente americano, Donald Trump.
Com o seu aval, Peña Nieto assinou nesta sexta-feira (30), durante a reunião do G20 em Buenos Aires, um novo acordo de comércio com os Estados Unidos e o Canadá para substituir o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte), firmado na década de 1990.
O Acordo EUA-México-Canadá ainda precisa ser ratificado pelos respectivos Parlamentos dos três países.
No México, onde a coalizão liderada pelo Morena (Movimento Regeneração Nacional), partido de López Obrador, terá maioria absoluta, a aprovação não deverá ter maiores empecilhos.
O novo presidente mexicano também se mostra disposto a dialogar com os Estados Unidos sobre o sensível tema de controle fronteiriço.
Recentemente, o jornal Washington Post revelou que representantes de López Obrador concordaram em celebrar um acordo pelo qual os solicitantes de asilo, incluindo os milhares da caravana centro-americana que deixou Honduras rumo à fronteira do México com os Estados Unidos, esperariam pela decisão no lado mexicano.
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