A presença do presidente argentino, Mauricio Macri, na posse do brasileiro Jair Bolsonaro ainda é suspense.
A princípio, o mandatário argentino havia dito que iria. Porém, nos últimos dias, os jornais locais "La Nación" e "Perfil" afirmaram que Macri não compareceria à cerimônia de 1º de janeiro. Citando fontes de alto escalão do governo, os jornais disseram que Macri estaria de férias com a família, na Patagônia, como costuma fazer nos finais de ano.
Indagada pela Folha nesta quarta-feira (12), a Casa Rosada ainda não havia respondido até a publicação desta reportagem.
No fim de novembro, em entrevista à Folha, o chanceler argentino, Jorge Faurie, disse que Macri já falou com Bolsonaro ao telefone em três ocasiões, "nos melhores termos possíveis".
Bolsonaro já afirmou que gostaria de visitar o Chile antes da tradicional passagem pela Argentina, quebrando uma tradição na relação bilateral que vem desde a redemocratização de ambos os países.
Em 2015, recém-eleito e sem ainda tomar posse, Macri desembarcou em sua primeira viagem internacional em Brasília, para um encontro com a então presidente, Dilma Rousseff, e depois em São Paulo, onde se encontrou com empresários na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Agora, Bolsonaro indica uma mudança na tradição, devido à admiração professada por ele e seu futuro ministro da economia, Paulo Guedes, com relação ao sistema econômico chileno.
Faurie disse que não há ressentimentos. "Se ele quiser ir antes ao Chile, é uma escolha dele, não nos sentimos de nenhum modo deixados de lado. Há que ver se vai ser assim mesmo. O que posso dizer é que os dois [Bolsonaro e Macri] estão conversando em ótimos termos e em breve irão se encontrar."
Durante a campanha eleitoral, Macri revelou a seu círculo mais íntimo uma preferência pela candidatura de Fernando Haddad (PT), por ter convivido com ele quando ambos eram prefeitos: Haddad de São Paulo, e Macri, chefe de governo de Buenos Aires.
Embora coincidam na ideia de tornar o Mercosul um mecanismo mais pragmático, Macri teme ser associado de maneira muito explícita à imagem de Bolsonaro, tida na Argentina como a de um político de extrema-direita, justamente quando o argentino tem feito gestos de aproximação ao centro e à centro-esquerda, com vistas à reeleição, em 2019.
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