Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Providência divina ajudou a eleger Bolsonaro, escreve Ernesto Araújo em revista

Igreja Católica está tomada por ideologia marxista, diz futuro chanceler em publicação conservadora

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Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores, chega para reunião em Brasília
Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores, chega para reunião em Brasília - Adriano Machado - 22.nov.18/Reuters
São Paulo e Brasília

​O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, escreveu em artigo na revista conservadora americana New Criterion que a providência divina levou o Brasil a unir o pensamento do filósofo Olavo de Carvalho ao patriotismo de Jair Bolsonaro, e que isso levou à eleição dele.

No texto, disponível em português no site da revista e publicado na edição de janeiro da revista impressa, o futuro chanceler afirma que a fé religiosa de Jair Bolsonaro – “presidente [que] fala em Deus e expressa a sua fé de maneira profunda e sincera” - foi essencial para sua vitória eleitoral.

Araújo repudia, no artigo, críticas de que estaria misturando religião e política em um Estado laico. “Meus detratores me chamaram de louco por acreditar em Deus e por acreditar que Deus age na história —mas eu não me importo”, escreve.

“No Brasil (pelo menos), o nacionalismo tornou-se o veículo da fé, a fé tornou-se a catalisadora do nacionalismo, e ambos desencadearam uma estimulante onda de liberdade e de novas possibilidades”, continua. “Deus está de volta, e a nação está de volta: uma nação com Deus; Deus através da nação." 

Segundo o autor, durante os governos do PT, houve “avivamento artificial de tensões raciais ” e “humilhação dos cristãos”.

Referindo-se ao golpe de 1964, o autor afirma que o regime foi "equivocadamente chamado de regime militar" e que a Igreja Católica brasileira foi “tomada pela ideologia marxista".

O futuro chanceler já tinha falado sobre suas teses em seu blog e em artigo para revista do Itamaraty.

Araújo afirma na revista que Olavo de Carvalho, a Lava Jato e Jair Bolsonaro romperam o globalismo implementado pelo PT no Brasil, dizendo que durante os governos petistas o “marxismo cultural governava por dentro um sistema aparentemente liberal e democrático, construído por meio de corrupção, intimidação e controle de pensamento ”.

Globalismo é a teoria de que instituições multilaterais e órgãos internacionais tentam concentrar poder e interferir nas decisões soberanas dos países.

O autor descreve Carvalho como “filósofo brasileiro, talvez a primeira pessoa no mundo a ver o globalismo como o resultado da globalização econômica, a entender seus propósitos impiedosos e a começar a pensar em como derrubá-lo”.

O editor da revista é Roger Kimball, pensador conservador que se reuniu com Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito, durante a visita do deputado federal aos Estados Unidos. Logo após a eleição de Trump, em 2016, Kimball tuitou: “Steven Bannon é um tesouro nacional: muito inteligente, maduro politicamente e totalmente destemido.”

No artigo, o autor fala mais de religião do que de política externa. Ele critica os governos anteriores, dizendo que o PT ajudou a “transferir poder dos EUA e da aliança ocidental para a China; favoreceu o Irã; trabalhou incessantemente para levantar uma nova cortina de ferro socialista sobre a América Latina, favorecendo governos ou partidos de esquerda”.

Sobra também para o ex-presidente democrata Barack Obama, “que raramente levantava um dedo para combater regime socialistas ou islâmicos em qualquer canto da Terra e que descrevia Lula como 'o cara'".

Segundo ele, a eleição de Bolsonaro acabou com anos de controle psicológico, doutrinação marxista e ditadura do politicamente correto.

“Agora podemos viver em um mundo onde os criminosos podem ser presos, onde pessoas de todos os estratos sociais podem ter as oportunidades que merecem e onde podemos nos orgulhar de nossos símbolos e praticar nossa fé.”

O texto encerra citando Alastair Campbell, o porta-voz do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que afirmou em 2003: “We don’t do God”, ou  “Não falamos de Deus", ao recomendar a Blair que não falasse sobre sua religião em público. “Bem, no Brasil, agora falamos”, termina o texto.

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