Descrição de chapéu

Time, revigorada, se volta contra ataques ao jornalismo

Pessoas do Ano da revista são jornalistas que assumiram 'riscos em busca de verdades maiores'

São Paulo

Três meses depois de ser adquirida pelo bilionário de tecnologia Marc Benioff, a revigorada revista americana Time fecha o ano em defesa do próprio jornalismo, por meio daqueles que "assumiram grandes riscos em busca de verdades maiores".

Foi assim que o editor-chefe da publicação, Edward Felsenthal, anunciou os nomes na rede NBC, na manhã desta terça (11). "Ficou claro que a manipulação e o abuso da verdade são o fio condutor de muitas das principais notícias deste ano", acrescentou.

Citou a cobertura da Arábia Saudita, o regime totalitário que emboscou Jamal Khashoggi, colunista saudita do Washington Post que encabeça a lista de homenageados. Ele teria sido assassinado por ordem do homem-forte do país, Mohammed bin Salman.

"Sua morte desnudou a verdadeira natureza de um príncipe sorridente, a absoluta falta de moralidade na aliança americano-saudita e —na cascata de feeds de notícias e notificações, compartilhamentos e links— a centralidade da questão pela qual Khashoggi foi assassinado: Em quem você confia para relatar notícia?", escreve a Time, no texto de apresentação "Os guardiães e a guerra à verdade".

A editora de Khashoggi no WP, Karen Attiah, agradeceu via Twitter lembrando uma frase do próprio colega, "Alguns partem para permanecer".

Também estão entre as "pessoas do ano" a Redação do americano Capital Gazette, que teve cinco jornalistas mortos por um atirador em junho, a fundadora do site filipino Rappler, Maria Ressa, e dois repórteres birmaneses da agência Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo.

O Rappler, que cobre criticamente o governo de Rodrigo Duterte, acaba de ser acusado de fraude fiscal, o que pode levar a uma prisão de dez anos para Ressa.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo já estão cumprindo uma pena de sete anos de prisão, por reportagens sobre a perseguição à minoria rohingya em Miamar, país governado por Aung San Suu Kyi.

Enfatizando o caráter global da escolha deste ano, a revista cita outros quatro exemplos de perseguição governamental a jornalistas, como as prisões de Shahidul Alam em Bangladesh e de Amal Habani no Sudão, a expulsão de Victor Mallet de Hong Kong, na China, e as ameaças de apoiadores de Jair Bolsonaro a Patrícia Campos Mello, no Brasil.

 
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