Tragédias, crimes e Bolsonaro são os temas de Mundo mais lidos em 2018; relembre

Confira qual reportagem da editoria foi a mais popular em cada mês

São Paulo

Um furacão que matou mais de 50; um ataque a uma escola com alunos brasileiros que deixou 17 mortos nos EUA; um vulcão no Havaí que criou novas ilhas de lava no mar; e o resgate dos garotos perdidos em uma caverna na Tailândia. Esses foram alguns dos temas que mais atraíram os leitores de Mundo em 2018.

Reportagens sobre o lado mais "mundo cão" do noticiário internacional foram as mais lidas ao longo de todo o ano, dividindo o espaço com trocas de farpas internacionais.

Veja abaixo as reportagens mais lidas de cada mês de 2018 e relembre as histórias.

JANEIRO: Polícia liberta 13 irmãos mantidos em cativeiro pelos pais em casa nos EUA

Em janeiro, uma história de crime digna dos seriados americanos foi a reportagem mais acessada pelos leitores da Folha. Uma adolescente de 17 anos que disse ter sido mantida refém pelos pais em casa em Perris, no estado americano da Califórnia, escapou no dia 14 de janeiro e chamou a polícia para libertar seus 12 irmãos do cativeiro.

Os policiais encontraram os 12 irmãos da garota —cujas idades variavam de dois a 29 anos— em uma casa suja, vivendo em um cômodo escuro sem acesso a comida adequada ou água. Algumas das crianças tinham seus movimentos contidos com correntes e cadeados.

Os pais, David Allen Turpin, 57, e Louise Anna Turpin, 49, foram presos e acusados de tortura e abuso infantil. 

FEVEREIRO: Era só sangue e corpo no corredor, diz brasileira após ataque 

Casos envolvendo brasileiros no exterior costumam chamar a atenção dos leitores. Em fevereiro deste ano, o texto mais acessado foi o relato da estudante Melissa Camilo, 15, sobre o ataque à escola Marjory  Stoneman Douglas, na Flórida, que deixou 17 pessoas mortas.

Um ex-aluno, Nikolas Cruz, 19, invadiu o local e disparou contra estudantes e professores com um fuzil AR-15. Camilo estava em sala de aula no momento e disse que tudo que pode fazer foi correr em direção à parede e ficar em silêncio. "Quando a gente saiu no corredor, era só sangue e corpo", afirmou.

Cruz foi detido pela polícia duas horas depois, numa cidade vizinha. 

MARÇO: 'Inferno não existe', diz o papa Francisco, segundo jornal italiano 

Diz o ditado popular que política, futebol e religião não se discutem. Mas uma suposta revelação do papa Francisco mobilizou os leitores a debater um dos pilares da crença católica: a existência do inferno. Em março, a reportagem mais lida foi a declaração que o papa teria feito a Eugenio Scalfari, fundador do jornal italiano La Repubblica, de que "o inferno não existe; o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras". 

"Não existe um inferno em que sofrem as almas dos pecadores por toda a eternidade", teria dito o pontífice, segundo a reportagem de Scalfari. "Aqueles que não se arrependem e portanto não podem ser perdoados desaparecem."

 O Vaticano, porém, afirmou em comunicado que o papa recebeu Scalfari para um encontro privado, sem conceder entrevista, e que as falas citadas no texto não deveriam ser consideradas "uma transcrição fiel das palavras do Santo Padre".

ABRIL: Putin diz a presidente iraniano que ataques à Síria levarão a caos internacional 

Foi um desdobramento da guerra civil que se arrasta há sete anos no país que conquistou a maior audiência em abril. No dia 15, os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e do Irã, Hasan Rowhani, principais aliados do regime sírio no conflito, disseram que os bombardeios de EUA, Reino Unido e França a instalações militares do regime da madrugada anterior complicaram as perspectivas de uma saída pacífica do conflito.

A ação foi uma represália a um suposto ataque químico em Duma, reduto rebelde na periferia de Damasco, no dia 7, em que 40 pessoas teriam morrido, de acordo com opositores ao regime. Os três países acusaram Assad de realizar a ação, o que ele e a Rússia negaram.

MAIO: Havaianos se preparam para erupção de vulcão Kilauea 

Os desastres naturais também têm vez entre os assuntos mais populares da editoria de Mundo. Em maio, a reportagem mais lida foi sobre os preparativos dos havaianos para a erupção do vulcão Kilauea.

A lava escorreu pelas fissuras do vulcão por mais de três meses, em rios de pedra derretida, fumaça e cinzas que correram pela encosta no sudeste da ilha até as águas do Pacífico. Mais de 10 mil pessoas tiveram de deixar suas casas e dezenas de imóveis foram destruídos. A magnitude da erupção fez surgirem novas ilhas com a lava jogada no mar.

JUNHO: Inconsistente, teatro bombástico de Trump e Kim pode custar caro 

Afeito a desaforos e a declarações polêmicas, seja no microfone da Casa Branca ou nas redes sociais, o presidente americano, Donald Trump, garantiu um lugar entre os temas mais lidos por uma conquista histórica e, como ele, polêmica: a aproximação com a Coreia do Norte.

A análise de Igor Gielow sobre o encontro dos líderes para debater a desnuclearização do regime norte-coreano foi a maior audiência de junho. Para o jornalista, "a imagem de Donald Trump e Kim Jong-un se cumprimentando como jovens enamorados é inegavelmente bombástica". Mas o teatro ocorrido em Singapura entre os dois líderes traz um indisfarçável gosto de inconsistência por alienar Coreia do Sul e Japão, países que podem buscar sua própria bomba atômica no caso de se sentirem sem a proteção do guarda-chuva nuclear americano.

JULHO: Dois garotos e técnico estão fracos e não conseguem deixar caverna, diz CNN 

Por 17 dias, a imprensa de todo o mundo acompanhou o dramático resgate de um grupo de 12 meninos, com idades de 11 a 16 anos, e seu técnico de futebol, que desapareceram após um passeio por uma caverna na Tailândia, em 23 de junho. 

Após 9 dias, eles foram surpreendentemente encontrados com vida, mas em uma área de difícil acesso. Um dos membros da elite da Marinha tailandesa morreu durante os trabalhos de resgate. Finalmente, no dia 10 de julho, os últimos quatro garotos e o técnico foram resgatados.

Desde então, os meninos receberam alta do hospital, deram entrevista coletiva a jornalistas na qual contaram como escavaram para tentar escapar e viraram tema de um roteiro de cinema e de um museu na Tailândia

AGOSTO: Ponte desaba no norte da Itália e deixa mortos e feridos

Três meses antes do viaduto que cedeu na marginal Pinheiros chamar a atenção dos paulistanos, a cidade de Gênova, no norte da Itália, passou por um acidente de proporções ainda maiores. Um trecho de uma ponte da cidade desabou no dia 14, durante uma tempestade na cidade. Mais de 30 veículos passavam sobre a construção e 43 pessoas morreram. 

A concessionária italiana Autostrade per l’Italia foi alertada em novembro de 2017 sobre a deterioração de alguns materiais, como cabos que estariam oxidados​. A reconstrução da ponte deve ser feita até dezembro de 2019, segundo autoridades italianas. 

SETEMBRO: Furacão Florence chega à costa leste dos EUA com ventos de até 150 km/h 

A temporada 2018 de furacões nos EUA, que foi de 1º de junho a 30 de novembro, registrou 15 ciclones tropicais e subtropicais, oito furacões e dois furacões de grande escala e um total de US$ 33,3 bilhões (R$ 128 bilhões) em danos. Um deles, o furacão Florence, ganhou maior atenção dos leitores da Folha e foi o tema mais lido de setembro.

O centro do Florence atingiu a costa leste dos Estados Unidos no dia 14, com ventos de até 150 km/h, provocando chuvas, ventos e enchentes na Carolina do Norte.

Milhares de pessoas ficaram sem luz e as autoridades fecharam um trecho da Interstate 95, importante via de acesso entre o norte e o sul da Costa Leste dos EUA.

Ao menos 51 pessoas morreram, incluindo 39 na Carolina do Norte, nove na Carolina do Sul e três em Virgínia.

OUTUBRO: Avião com 189 pessoas a bordo cai no mar da Indonésia 

Um avião com 189 pessoas a bordo caiu no mar pouco depois de deixar o aeroporto de Jacarta, na Indonésia. Destroços e restos mortais foram encontrados e não houve sobreviventes.

O voo JT610, da companhia Lion Air, deixou Jacarta com destino a Pangkal Pinang, capital da região de Bangka-Belitung, às 6h20 do dia 29 (horário local, 20h20 do dia 28 em Brasília). Em seguida, o piloto da aeronave, um Boeing 737 MAX 8, pediu para retornar à base e perdeu contato após 13 minutos.

Os dados recuperados da caixa-preta do voo da Lion mostram que os pilotos tentaram recuperar o controle da aeronave durante todo o trajeto.

Uma falha fez com que um sistema automático recebesse leituras erradas dos sensores e jogasse repetidamente a ponta do avião para baixo. Os pilotos passaram todos os 11 minutos do voo tentando retomar o controle da aeronave. Eles reergueram à força o avião mais de 20 vezes, mas o erro no sistema fez com que a aeronave continuasse a inclinar para baixo, finalmente caindo no mar de Java a uma velocidade de 720 km/h.

NOVEMBRO: Declaração de Bolsonaro faz Egito cancelar viagem de comitiva brasileira 

A declaração do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de que mudaria a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém causa repercussões até hoje. O primeiro efeito concreto veio quando o governo egípcio cancelou uma visita de quatro dias que o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, faria ao país árabe.

O governo brasileiro foi informado oficialmente pelo Egito de que a viagem teria que ser cancelada por mudança na agenda de autoridades do país. Mas diplomatas brasileiros confirmaram que o gesto, incomum na diplomacia, foi uma retaliação às declarações de Bolsonaro. 

O texto foi não apenas o mais lido de novembro como garantiu a maior audiência entre todas as reportagens que Mundo publicou ao longo do ano. A polêmica atraiu tanto interesse do leitor que a segunda reportagem mais lida em 2018 foi um desdobramento do caso, no dia seguinte, quando o presidente eleito se recusou a responder perguntas dos jornalistas sobre a decisão do Egito e abandonou uma entrevista coletiva diante do Ministério da Defesa, em Brasília. 

Neste domingo (30/12), o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que se encontrou com Bolsonaro  na sexta (28), afirmou que o presidente eleito disse a ele que a mudança da embaixada é questão de tempo.

Bandeiras de Israel e do Brasil diante do prédio de escritórios da Embaixada do Brasil em Tel Aviv - Jack Guez-28.out.2018/AFP

DEZEMBRO: Veja as imagens vencedoras do concurso de melhor fotografia da National Geographic 

No mês em que os leitores recebem listas dos melhores do ano dos mais diversos assuntos, as fotografias premiadas pela revista National Geographic foram o assunto mais lido da editoria Mundo.

A grande vencedora foi a imagem feita por Jassen Todorov de um avião na pista ao lado de milhares de carros da Volkswagen e da Audi, no deserto de Mojave, na Califórnia. Os modelos fabricados entre 2009 e 2015 tinham um software que permitia fraudar os testes obrigatórios de emissão de poluentes nos EUA. O escândalo obrigou a Volkswagen a recolher milhares de carros.​

Os outros vencedores incluem cenas diversas como a devastação da guerra em Homs, na Síria, um fotógrafo em seu último dia de trabalho em um estúdio no Quênia e gnus atravessando um rio na Tanzânia. Veja (ou reveja) na galeria abaixo:

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