Tsunami deixa ao menos 280 mortos e mais de mil feridos na Indonésia

Onda gigante atingiu a região do estreito de Sunda, entre Java e Sumatra

 
cassa e carros destruídos

Casa e carros destruídos em Carita, na Indonésia, após a região ser atingida por tsunami Fauzy Chaniago/AP

AFP, Associated Press e Reuters

​Um tsunami que pode ter sido causado pela erupção de um vulcão conhecido como o “filho” do lendário Krakatoa deixou centenas de mortos e feridos na Indonésia na noite de sábado (horário local), com ondas de até três metros de altura varrendo a região costeira no estreito de Sunda.

Segundo o balanço mais recente, feito na madrugada desta segunda-feira (24), ao menos 281 pessoas morreram, 57 estão desaparecidas e mais de mil ficaram feridas na região do estreito de Sunda, entre Java e Sumatra, a região mais populosa do país.

O número deve aumentar. Em 2004, um dia após o Natal, um tsunami que atingiu 14 países incluindo a Indonésia deixou mais de 220 mil mortos, além de prejuízos de quase US$ 3 bilhões (o equivalente a R$ 11,5 bilhões no câmbio atual), sendo a maioria na região indonésia de Aceh (noroeste do arquipélago). É um dos desastres naturais mais letais da história.

Moradores das regiões de praia dizem não ter recebido nenhum tipo de alerta nem observados sinais de movimento anormal, como o recuo da maré, antes de o desastre deste domingo ocorrer. Geólogos indonésios ainda averiguam as causas. 

O fotógrafo norueguês Øystein Lund Andersen estava na cidade de Anyer com sua família quando o tsunami ocorreu.

"Tive que correr conforme a onda gigante passava pela praia, 20 metros terra adentro. A onda seguinte atingiu a região do hotel onde estávamos, e revirou carros na estrada que passava atrás", escreveu ele em uma rede social. "Consegui retirar minha família e levá-la para uma região mais alta, onde recebemos ajuda dos moradores."

Entre as vítimas estão três integrantes da banda indonésia Seventeen. O grupo se apresentava na praia, no Tanjung Lesung Beach Resort, no extremo oeste da ilha de Java, quando a massa de água atingiu com força o palco e arrastou a estrutura contra o público. Além de membros da banda, espectadores também morreram.

"A água varreu o palco, que ficava perto do mar. A maré subiu e levou todo mundo, perdemos entes queridos, incluindo nosso baixista", disse a banda em comunicado.

A polícia conseguiu resgatar um menino que ficou preso em um carro, sob árvores derrubadas e outros destroços, por quase 12 horas. 

​​Dezenas de edifícios ficaram destruídos pela onda gigante, que atingiu as praias do sul de Sumatra e do extremo oeste de Java por volta das 21h30 locais de sábado (12h30 de Brasília), informou, em um comunicado, o porta-voz da agência de gestão de desastres do país, Sutopo Purwo Nugroho.

O presidente Joko Widodo, que disputa a reeleição em abril, anunciou que direcionou os esforços de todas as agências do governo para as medidas de emergência e o socorro às vítimas. O governo também alertou as populações locais e os turistas que não retornem à região atingida, em torno do estreito de Sunda. 

Segundo a agência meteorológica do governo, o alerta seguirá em vigor ao menos até dia 25. 

Azki Kurniawan, 16, disse que só percebeu que algo estava errado quando as pessoas correram para o lobby do Hotel Patra gritando "o mar está subindo!"

O adolescente, que participava de um treinamento vocacional com outros 30 estudantes, disse que ficou confuso porque não sentiu nenhum tremor no solo —algo que costuma preceder tsunamis. Ele correu para o estacionamento, onde estava sua moto, mas ele já estava inundado.

"De repente uma onda de um metro me atingiu", disse, com os olhos inchados ainda. "Fui jogado na cerca de um prédio depois de ser carregado por uns 30 metros, e me segurei ali, enquanto a correnteza me puxava para o mar. Chorei de medo. 'É um tsunami? Achei que ia morrer."

Com intensa atividade de placas tectônicas (as placas sólidas que juntas formam a crista terrestre), a região onde está situada a Indonésia, sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, é especialmente sensível a terremotos, vulcanismo e, consequentemente, tsunamis. Japão, Chile e o estado americano da Califórnia, por exemplo, também são afetados por esse movimento que culmina em desastres.

Em agosto deste ano, na cidade indonésia de Palu, na ilha de Sulawesi, um sismo seguido de tsunami matou quase 2.000 pessoas. 

Autoridades indonésias informaram que o novo tsunami pode ter sido causado por uma elevação anormal da maré, provocada por um deslizamento de terra submarino que se seguiu à erupção de Anak Krakatoa, uma pequena ilha vulcânica que emergiu do oceano meio século depois da erupção mortal do Krakatoa, em 1883, e um dos 127 vulcões ativos registrados no arquipélago.

Endan Permana, diretor da Agência de Mitigação de Desastres Nacionais na região de Pandeglang, afirmou a um canal de TV que a polícia estava prestando assistência imediata às vítimas e que algumas áreas atingidas são populares entre turistas. “Muitas pessoas estão desaparecidas”, disse.

Imagens de TV registraram o momento em que o tsunami atinge a praia e áreas residenciais de Pandeglangm, em Java, tragando pessoas, escombros e enormes pedaços de madeira e metal com a onda gigante.

O Itamaraty informou que, até o início da tarde deste domingo (23), não havia  notícias de brasileiros entre as vítimas.

Em comunicado no qual lamenta as mortes, o ministério indica os telefones do plantão de emergência da Embaixada em Jacarta (+62 811 800 662) e do Núcleo de Assistência a Brasileiros do Itamaraty (+55 61 2030-8803/8804, das 8h às 20h, e + 55 61 98197-2284, do plantão, entre 20h e 8h) para aqueles que necessitarem de auxílio para contatar parentes no local.

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