Descrição de chapéu Governo Trump

Aliado de Trump é detido em investigação sobre interferência russa nos EUA

Roger Stone enfrenta sete acusações, entre elas a de prestar falso testemunho

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Nova York | Reuters e AFP

O FBI (polícia federal americana) prendeu nesta sexta-feira (25) Roger Stone, conselheiro político de longa data do presidente Donald Trump, após ele ser indiciado sob sete acusações decorrentes da investigação que a Procuradoria Especial realiza sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

Stone, preso na Flórida, responde por obstrução de processo oficial, cinco acusações de falso testemunho e uma de manipulação de testemunha, segundo o escritório do procurador especial Robert Mueller. No final da manhã, ele foi solto após assinar um título de US$ 250 mil que não exige depósito de dinheiro caso ele continue a comparecer perante a corte quando ordenado a isso.

A Procuradoria Especial investiga ligações entre a campanha de Trump e a Rússia. O presidente nega qualquer tipo de conspiração ou obstrução judicial.

Roger Stone, aliado do presidente dos EUA, Donald Trump, durante depoimento na Câmara dos EUA - Jim Young - 11.dez.18/Reuters

Mueller alega que o aliado de Trump obteve emails roubados do WikiLeaks que poderiam prejudicar adversários do presidente, em coordenação com outros responsáveis pela campanha eleitoral de 2016.

O site foi uma das organizações que disponibilizou centenas de emails do Partido Democrata nos meses que antecederam as eleições.

No indiciamento, não há detalhes sobre quem na campanha sabia da busca de Stone, mas o documento deixa claro que eram várias pessoas. É a primeira vez que os procuradores dizem saber que mais pessoas próximas ao presidente trabalharam com Stone enquanto ele procurava o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Stone começou sua carreira como assessor do ex-presidente Richard Nixon e é um ex-sócio de Paul Manafort, que liderou a campanha presidencial do republicano durante vários meses em 2016. Manafort foi condenado por vários crimes federais decorrentes da investigação de Mueller.

O conselheiro político informal de Trump nega qualquer conexão com a tentativa russa de influenciar a eleição presidencial de 2016.

Em entrevista após ser solto, ele afirmou ser inocente e disse que não testemunharia contra o presidente.

"Não há circunstância sob a qual eu prestarei falso testemunho contra o presidente nem inventarei mentiras para aliviar a pressão sobre mim", afirmou. 

"Eu vou dizer que não sou culpado dessas acusações. Eu vou derrotá-los no tribunal", disse, enquanto alguns presentes vaiavam e pediam que ele fosse preso e outros defendiam o conselheiro de Trump.

Ele afirmou ainda que acredita que as acusações têm motivação política.

Investigadores conversaram com ex-assessores que participaram da campanha e associados sobre a arrecadação de recursos durante a campanha e os contatos que Stone tinha no WikiLeaks, uma das organizações que disponibilizou centenas de emails do Partido Democrata nos meses que antecederam as eleições.

A equipe de Mueller foi informada de que Stone dava a impressão de ser um canal para informações para o WikiLeaks e que contava vantagem, depois da revelação dos emails, pela divulgação que prejudicou a candidatura da democrata Hillary Clinton.

Nas redes sociais e em várias entrevistas antes das eleições de 2016, Stone indicou que ele tinha conhecimento prévio de que uma informação negativa sobre a campanha de Hillary poderia vir a público, e sugeriu que ele havia pessoalmente conversado com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Nos meses seguintes, ele mudou de versão e disse que não estava conversando com Assange de verdade e que não tinha conhecimento direto de que os russos eram responsáveis pelo ataque hacker contra democratas.

Stone, no entanto, reconheceu ter trocado mensagens, durante a campanha de 2016, com um usuário que os oficiais de inteligência americanos dizem que era operado por autoridades militares russas que conspiraram para hackear e-mails democratas.

O conselheiro político de Trump já havia admitido publicamente que estava preparado para a possibilidade de ser indicado, apesar de declarar sua inocência e ecoar acusações de Trump de que a investigação de Mueller tinha motivações políticas e era uma espécie de caça às bruxas.

O advogado de Stone, Grant Smith, afirmou que as declarações incorretas do cliente eram motivadas por esquecimento e as chamou de “imateriais”. Ele também disse que Stone não havia recebido materiais do WikiLeaks antes da divulgação ao público.

“Eles não encontraram conspiração russa ou eles o teriam acusado disso.”

Jay Sekulow, advogado de Trump, afirmou que o indiciamento não alega conspiração russa cometida por Stone ou qualquer outra pessoa. “Ao contrário, o indiciamento foca em supostas declarações falsas de Stone feitas ao Congresso.”

Em entrevista à emissora CNN, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o episódio não tinha nada a ver com o presidente “e certamente nada a ver com a Casa Branca.”

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