Padre de Congregação do Vaticano renuncia após acusação de assédio por ex-freira

Austríaco pediu demissão da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF)

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Cidade do Vaticano

Uma autoridade religiosa do Vaticano apresentou sua renúncia depois que uma ex-freira o acusou publicamente de tê-la assediado sexualmente durante confissões, anunciou a Santa Sé em um comunicado divulgado nesta terça-feira (29).

O padre austríaco Hermann Geissler renunciou a seu cargo na Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), que zela pelo dogma católico e examina os casos de abusos sexuais do clero.

"O padre Geissler tomou essa decisão para limitar os danos já causados à Congregação e à sua comunidade", explica o comunicado da CDF.

"Ele afirma que a acusação contra ele é falsa" e "se reserva o direito de apresentar uma possível ação civil", acrescenta o texto.

A ex-freira Doris Wagner em vídeo em que relata ter sofrido assédio sexual
A ex-freira Doris Wagner em vídeo em que relata ter sofrido assédio sexual - Reprodução/Youtube/Voices of Faith

Ao final de um processo canônico já concluído, Geissler recebeu em 2014 uma advertência por assédio à ex-freira alemã Doris Wagner, informou o jornal francês La Croix. Naquela época, ele reconheceu os fatos, de acordo com o jornal.

Wagner, uma filósofa e teóloga alemã de 34 anos, relatou recentemente em Roma as agressões e abusos sexuais que sofreu durante seus oito anos de vida religiosa, e divulgou um vídeo nas redes sociais.

A freira alemã diz ter sido estuprada por um padre em 2008, fato que denunciou a um superior em Roma.

Então foi assediada por outro padre que pediu para ser seu confessor, o padre Geissler.

"Ficava horas ajoelhada diante dele. Ele dizia que me amava e que sabia que eu o amava também, e que embora não pudéssemos nos casar, havia outros meios", explicou.

Um dia, "tentou me agarrar e me beijar. Fiquei assustada e fugi", narrou. Quando pediu para trocar de confessor, sua superiora afirmou que estava ciente de que esse padre gostava de garotas jovens.

Em 2012, após deixar a vida religiosa, Wagner denunciou os dois padres perante a Congregação para a Doutrina da Fé.

Aquele que a estuprou, que trabalhava na secretaria de Estado, foi demitido do Vaticano, mas continuou sendo padre em uma comunidade na qual "vivem muitos jovens freiras", denunciou Wagner.

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