Vazamento de dados pessoais na Alemanha atinge Merkel e outros políticos

Caso afeta a maior parte dos partidos do país; governo ainda não apontou responsáveis

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Berlim e São Paulo | Reuters e AFP

Dados pessoais e documentos de centenas de políticos e figuras públicas da Alemanha foram publicados na internet, em um vazamento que atingiu líderes do Parlamento e o primeiro escalão do governo, incluindo a chanceler Angela Merkel

Segundo a imprensa local, foram divulgadas por uma conta anônima no Twitter conversas de emails, endereços, números de cartões de crédito e de celulares e detalhes de documentos de identidade de políticos de quase todos os partidos do país, com exceção da sigla de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD). Celebridades e jornalistas também foram atingidos pelo caso. 

Embora o vazamento tenha ocorrido próximo do Natal, o gabinete de Merkel confirmou o caso apenas nesta sexta (4) e disse que nenhum material sensível da chanceler ou do governo foram divulgados irregularmente. 

A chanceler alemã Angela Merkel, durante seu discurso de Ano-Novo em Berlim; ela foi uma das atingidas pelo vazamento
A chanceler alemã Angela Merkel, durante seu discurso de Ano-Novo em Berlim; ela foi uma das atingidas pelo vazamento - John Macdougall - 30.dez.18/Reuters

"Dados pessoais e documentos pertencentes a centenas de políticos e figuras públicas foram publicados online", disse a porta-voz Martina Fietz, em entrevista coletiva. 

A emissora pública ARD, a primeira a noticiar o vazamento, também disse que até o momento não encontrou nenhuma informação sensível do governo no material. 

Em um dos documentos publicados na internet, porém, há dois emails da chanceler, assim como correspondências e um número de faz dela. A lista de atingidos incluem nomes de diferentes esferas do governo.

"De acordo com uma primeira análise, foram afetados representantes do mundo político, incluindo o Parlamento Europeu, o Bundestag (a Câmara Alemã de Deputados), os parlamentos regionais e os representantes municipais", afirmou Fietz.  

Documentos internos de alguns partidos, incluindo agremiação de esquerda Linke, também foram divulgados. O líder do grupo, Dietmar Bartsch, disse estar "profundamente chocado" com o que classificou como um "sério ataque à democracia em nosso país". 

As outras siglas do país —incluindo a CDU (União Democrata Cristã) de Merkel, o SPD (Partido Social-Democrata), os Verdes e os liberais da FDP— disseram que ainda estão analisando o vazamento para determinar exatamente o que foi divulgado. Alguns políticos afirmaram que pelo menos parte do material divulgado atribuído a eles é falso. 

Devido ao caso, a agência nacional de defesa cibernética da Alemanha (BSI), convocou uma reunião de emergência para coordenar a resposta do governo.

O  Ministério do Interior disse que ainda não é possível estabelecer se as informações foram roubadas em um ataque hacker ou se o caso foi obra de um vazamento interno, mas afirmou que vai investigar o caso.

Já a ministra da Justiça, Katarina Barley, adotou um tom diferente e disse que o país foi alvo de um "um grave ataque" por parte daqueles que "querem sabotar a confiança na democracia e nas suas instituições".

Até o momento as autoridades não apontaram possíveis responsáveis pelo caso. A Alemanha já foi alvo anteriormente de ataques hackers, incluindo um realizado no ano passado contra a rede do Ministério de Relações Exteriores.

Na ocasião, Berlim culpou um grupo de hackers russos ligados ao governo de Moscou de estar por trás do ataque, o que o governo de Vladimir Putin nega. 

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