Em dia morno, Merkel e Abe fazem defesa do multilateralismo em aceno a Trump

Líderes de duas das principais economias mundiais discursam no Fórum Econômico Mundial, em Davos

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Davos | Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, fez nesta quarta-feira (23) uma forte defesa da ordem mundial multilateral, destacando os acordos como uma virtude nas relações internacionais, em uma crítica velada ao presidente dos EUA, Donald Trump, durante seu discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

O premiê japonês, Shinzo Abe, também fez um aceno velado ao Trump, ao afirmar que buscará que o foco de sua Presidência do G20 (as 20 maiores economias do mundo) seja reconstruir a confiança no sistema de comércio global e obter consenso sobre a mudança climática, em um momento em que disputas comerciais entre EUA e China ameaçam o crescimento global.

Por causa da paralisação parcial do governo, os EUA não enviaram representantes ao fórum. O secretário de Estado, Mike Pompeo, discursou por vídeoconferência. 

Devido ao impasse em torno da saída britânica da União Europeia, França e Reino Unido também não participaram desta edição do encontro.

A chanceler alemã, Angela Merkel, faz discurso em Davos - Fabrice Coffrini/AFP

Merkel instou as potências ocidentais a pensar além de seus interesses nacionais mais estreitos e reformar instituições globais para obter ganhos que beneficiem a todos.

A Alemanha, maior economia da Europa, depende fortemente do comércio internacional e portanto tem grande interesse em preservar a integridade dos sistemas multilaterais confrontados pelo "América Primeiro" de Trump. 

"O mundo ocidental tem de agir contra a fragmentação da arquitetura internacional e estar pronto para reformar as instituições existentes", disse a chanceler. 

"Devemos entender nosso interesse nacional da maneira como pensamos sobre os interesses dos demais e a partir daí criar situações que beneficiem a todos, o que é uma precondição para o multilateralismo", acrescentou. 

O premiê japonês, Shinzo Abe, em discurso em Davos - Fabrice Coffrini/AFP

Merkel afirmou que o organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial devem ser reformados para restaurar a confiança no sistema financeiro global. 

Abe foi na mesma linha, acrescentando a necessidade de reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) com a ajuda da Europa e dos EUA.

"Peço a todos vocês a reconstrução da confiança do sistema de comércio internacional. Deve ser um sistema justo, transparente e efetivo em proteger os direitos de propriedade intelectual e também em áreas como o e-commerce", afirmou o premiê japonês.

"O Japão está determinado em preservar e comprometido em avançar a ordem internacional livre, aberta e baseada em regras."

Temos de fazer da OMC uma presença com maior credibilidade. Temos de fazer reformas para isso, e o Japão gostaria de ter um papel de liderança nas reformas da OMC", acrescentou. 

A OMC tem estado paralisada porque os EUA, descontentes com o que diz ser o fracasso da instituição em penalizar a China por não abrir sua economia, bloquearam novas indicações para a corte de arbitragem. 

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