EUA condicionam retirada da Síria a segurança dos curdos e derrota do EI

Bolton diz que forças só sairão após a Turquia garantir que não atacará aliados dos americanos

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Jerusalém | Reuters

Os Estados Unidos só vão retirar suas forças da Síria se a Turquia garantir que não vai atacar os curdos, aliados dos americanos, afirmou neste domingo John Bolton, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca.

Assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton, aperta a mão do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém.
Assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton, aperta a mão do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém. - Oded Balilty/Reuters

A decisão abrupta de Trump de retirar da Síria as tropas americanas deixou várias questões em aberto, em especial qual será o destino dos combatentes curdos que lutavam no norte da Síria ao lado das forças dos EUA, e que estão agora sob ameaça de seu inimigo histórico, a Turquia.

A retirada levou à renúncia do secretário de Defesa, Jim Mattis, e do enviado especial para combate ao EI, Brett  McGurk. Os dois advertiram que a facção terrorista ainda não foi totalmente derrotada e um recuo neste momento é precipitado.

Bolton, em viagem a Turquia e Israel, afirmou que iria enfatizar em suas conversas com autoridades turcas e com o presidente turco Tayyip  Erdogan  que as forças curdas precisam ser protegidas.

Antes de se reunir com autoridades israelenses, ele afirmou a repórteres que a retirada seria conduzida de forma a garantir que o Estado Islâmico “foi derrotado e não vai conseguir se reagrupar e se tornar uma ameaça de novo”.

Ele também tentou tranquilizar os aliados israelenses, dizendo que o recuo será feito de maneira que “a segurança de Israel e de nossos amigos na região esteja absolutamente garantida, e que possamos dar assistência àqueles que lutaram ao nosso lado contra o EI e outros grupos terroristas.”

Indagado se a retirada dos EUA da Síria não se concretizaria até que a Turquia garantisse que os combatentes curdos estão seguros, Bolton  afirmou: “Basicamente, é isso mesmo.”

A milícia síria curda YPG tem sido a força mais eficiente no combate ao EI. Mas a Turquia vem pressionando Washington há anos para que os EUA deixem de apoiar os curdos na luta contra o EI. Ancara vê o  YPG como uma extensão do PKK, o Partido dos Trabalhadores Curdos, considerado um grupo terrorista por liderar guerrilha no sudeste da Turquia.

"A Turquia não deveria fazer nenhuma operação militar que não esteja totalmente coordenada e acordada com os EUA, no mínimo para que não ponham as nossas tropas em risco, mas também para que cumpram a exigência do presidente Trump de que as forças de oposição sírias que lutaram ao nosso lado não estejam ameaçadas.”

A YPG indicou que deve buscar um acordo com o regime de Bashar  al  Assad após a retirada das forças americanas.

Bolton  viaja para a Turquia nesta segunda-feira (7). O porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, disse que os alvos da Turquia são a YPG, o PKK e o Estado Islâmico.

Em Washington, também no domingo (6), Trump reafirmou que os EUA vão retirar suas tropas da Síria, mas sugeriu que isso não deve acontecer tão cedo.

“Eu nunca disse que faríamos isso rapidamente. Mas nós estamos dizimando o EI”, disse.

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