A desaprovação ao presidente dos EUA, Donald Trump, cresceu cinco pontos e atingiu 58% nos últimos três meses, com a maioria dos americanos responsabilizando a ele e aos congressistas republicanos pela paralisação parcial do governo, segundo pesquisa do Washington Post e da rede ABC News.
Além disso, mais de 1 entre 5 americanos afirmam que pessoalmente sofreram inconveniências pela paralisação, que terminou após atingir cinco semanas na última sexta-feira (25).
Cerca de 800 mil funcionários públicos federais e muitos terceirizados ficaram sem pagamento nesse período, que culminou com relatos de caos em aeroportos do país.
Em uma vitória democrata, Trump assinou na sexta uma lei que permite financiar o governo federal até 15 de fevereiro, mas que não inclui os US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 21,5 bilhões) que ele queria para a construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.
A medida foi pactuada com lideranças democratas. Ao anunciar o acordo, o presidente lembrou que tinha a opção de declarar emergência nacional, “mas não quis usar desta vez”. “Espero que seja desnecessário”, afirmou.
Para Trump, a desaprovação da população sobre como ele manejou o impasse em torno do apagão do governo ilustra os riscos políticos que o presidente corre ao lutar para agradar a sua base conservadora com a construção do muro na fronteira, sua principal promessa de campanha.
A pesquisa mostra que a popularidade do presidente caiu, com 37% das pessoas apoiando sua performance e 58% desaprovando. Antes das eleições legislativas de novembro, pesquisa anterior dava a Trump 40% de aprovação e 53% de desaprovação.
Apesar de a nova sondagem apontar que 54% dos americanos desaprovam a atuação da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, durante a paralisação do governo, essa porcentagem ainda é menor que a de Trump na mesma questão: 60%.
E quando questionados quem é mais culpado, 53% apontaram Trump e congressistas americanos, enquanto 34% culparam Pelosi e os democratas.
Essa margem, de 19 pontos percentuais, é menor do que pesquisa realizada há duas semanas, de 24 pontos percentuais.
Entre os independentes, a desaprovação a Trump cresceu de 53% em novembro para 63% agora.
Além disso, 54% dos independentes pensam que Trump e os republicanos são mais responsáveis pela paralisação do governo, contra 29% que culpam Pelosi e os democratas.
Em conversas privadas, auxiliares na Casa Branca expressaram preocupação quanto à estratégia do presidente, temendo que o aumento do impacto da paralisação sobre o público poderia prejudicar suas perspectivas políticas, já que Trump se prepara para dar início à campanha de reeleição em 2020.
Mas Trump acredita que sua luta pelo muro irá ressoar positivamente com sua base.
O presidente tem repetidamente feito o alerta de que há uma crise humanitária e de segurança nacional na fronteira, alimentando o medo do público ao inflar o perigo representado pelos imigrantes ilegais.
No entanto, a pesquisa Post-ABC mostra que a maioria dos americanos não apoia o muro, com 54% se opondo ao projeto e 42% expressando apoio. Pesquisa de duas semanas atrás apontou os mesmos resultados.
Outra pergunta sugere que a maioria apoia o aumento dos esforços de segurança na fronteira de modo genérico, com 54% afirmando que os EUA têm feito “muito pouco” para impedir a entrada de imigrantes ilegais no país.
A pesquisa foi conduzida por telefone entre os dias 21 e 24 de janeiro entre uma amostra nacional aleatória de 1.001 adultos, com 65% entrevistas por celular e 35% em linhas domésticas. Os resultados têm uma margem de erro de 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
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