Menino de dois anos é encontrado morto 13 dias após cair em poço na Espanha

Cerca de 300 pessoas participaram da operação para procurar Julen Roselló

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Jose e Victoria, pais de Julen, participam de vígilia a espera do resgate em Totalán, no sul da Espanha
Jose e Victoria, pais de Julen, participam de vígilia a espera do resgate em Totalán, no sul da Espanha - Jorge Guerreiro - 24.jan.19/AFP
Madri, Totalán (Espanha) e São Paulo

​O menino Julen Roselló, de dois anos, que havia caído em um poço de mais de cem metros de profundidade em Totalán, no sul da Espanha, foi encontrado morto na madrugada de sábado (26), segundo um porta-voz do governo. O corpo foi achado à 1h25 (23h25 de sexta em Brasília).

operação de buscas envolveu centenas de pessoas e parou o país. Ele havia desaparecido durante um passeio com a família em 13 de janeiro.

Seu pai disse às autoridades que o menino estava brincando no terreno quando caiu no poço de 110 metros de profundidade e 25 centímetros de diâmetro —a estimativa da equipe de resgate é de que ele estivesse em um ponto 73 metros debaixo da terra.

Segundo o jornal El Mundo, o poço foi construído de maneira ilegal e não estava sinalizado. Autoridades da província de Málaga, onde fica a cidade de 700 habitantes, estão investigando o caso.

Desde a queda, não havia sinais se Julen estava vivo ou morto —câmeras no poço encontraram apenas um saco de guloseimas, um copo e fios de cabelo do garoto—, mas a família e as autoridades mantiveram discurso de esperança durante todo o tempo.

Os pais, José e Victoria, acompanham a operação no local e desde quinta, com a aproximação do resgate, fizeram uma vigília. Eles pediram para não falar com a imprensa.

A operação, que começou a ser planejada no próprio dia 13, foi dificultada pelo terreno duro e pela instabilidade do poço.

No total, 300 pessoas participaram do resgate, incluindo voluntários como Yolanda Alcaide, 44, vizinha do terreno onde fica o poço. Ela ofereceu sua casa para ser a base de operações —os materiais foram armazenados no porão— e também ficou responsável por cuidar da alimentação da equipe.

Outro nome é Ángel García Vidal, presidente do conselho de engenharia de Málaga, que se tornou o porta-voz informal. E o bombeiro Julián Moreno, que idealizou a gaiola de 300 kg usada como elevador pela equipe após um grupo de geólogos e engenheiros traçar uma estratégia para o resgate.

Para evitar jogar terra na criança, a equipe não desceu pelo buraco onde a criança tinha caído e a solução foi fazer primeiro um túnel vertical paralelo até o ponto onde ele estaria.

Esta etapa foi a mais demorada de toda a operação, porque a equipe teve que tomar cuidado para não gerar instabilidade no poço onde estava o menino. 

Foram usados dez tubos metálicos para fazer a contenção nas paredes, impedindo que ele desmoronasse. É nesse túnel que desce a gaiola, feita às pressas especialmente para a ocasião, que comporta até três adultos.

Este túnel vertical ficou pronto apenas na quinta (24) e do seu final parte um segundo túnel horizontal, com cerca de quatro metros, que se encontra com o poço, na altura onde Julen estava.

Foram 24 horas para fazer este segundo túnel, utilizando apenas pás e outras ferramentas manuais, de modo a evitar riscos de desmoronamento. Para a escavação, foi convocada uma brigada de oito mineiros das Astúrias (região no norte da Espanha que tem forte atividade de mineração) especializada em resgate.

Trabalhando em duplas de maneira ininterrupta, eles usam um equipamento especial para reciclar o oxigênio no túnel e também recorreram a pequenas explosões para vencer o terreno pedregoso

Um dos brigadistas é Lázaro Alves Gutierrez, que há 24 anos perdeu o pai exatamente em um acidente em uma mina. O português Eduardo Augusto Alves, então com 35 anos, trabalhava a 400 metros de profundidade em uma mina nas Astúrias quando um vazamento de gás explodiu o local.

Com AFP e Reuters

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