O principal partido de oposição na Nigéria anunciou neste sábado (26) a interrupção por 72 horas de sua campanha para as eleições presidenciais, que acontecerão no dia 16 de fevereiro, em protesto contra a decisão do atual presidente do país, Muhammadu Buhari, de suspender o mais alto magistrado nigeriano.
Na sexta-feira (25), Buhari, que também está na corrida para renovar seu mandato, suspendeu o chefe do supremo tribunal nigeriano, Walter Onnoghen, que fora questionado a se apresentar perante um tribunal devido a alegações de violação das regras de declaração de bens. Onnoghen não respondeu às acusações e seus advogados afirmam que o tribunal não tem autoridade para julgá-lo.
Buhari é um ex-general que já serviu como governante militar da Nigéria depois de chegar ao poder em um golpe. Agora tenta renovar seu mandato nas eleições de fevereiro para assumir novamente o controle do país, que é o maior produtor de petróleo bruto da África e uma das maiores economias do continente.
O poder judiciário da Nigéria atuou na solução de disputas eleitorais após as eleições passadas, algumas marcadas por violência manipulação de votos.
"Estamos suspendendo nossas companha por 72 horas. Temos esperança de que o presidente Buhari ouvirá a voz de todos os amantes da democracia no mundo e irá restaurar a democracia na Nigéria imediatamente" disse o PDP (Partido Democrático do Povo) em comunicado.
O PDP, principal partido da oposição, que estava no poder desde o início do governo civil, em 1999, até a eleição de Buhari pelo partido APC (Congresso de Todos os Progressistas), disse que a suspensão do juiz foi um "ataque descarado à constituição".
"Pedimos a todos os nigerianos bem intencionados que saiam em defesa da democracia e salvem a nossa nação de um deslize para a tirania", disse em comunicado.
O candidato do partido, o empresário e ex vice-presidente Atiku Abubakar, é o principal adversário de Buhari nesta corrida presidencial.
Ex-vice-presidente de 1999 a 2007, ele promete revitalizar a economia recém-saída de uma recessão com sua experiência como empresário multimilionário, por meio de privatizações e da atração de investimentos internacionais.
O partido APC, de Buhari, e o porta-voz da presidência não quiseram se manifestar sobre a suspensão da campanha.
Na sexta-feira Buhari havia dito que uma ordem judicial do Tribunal do Código de Conduta, que examina as alegações de declaração de bens, ordenou que ele suspendesse o juiz.
A corrupção é um dos temas centrais da campanha neste ano. Em 2015, Buhari se elegeu prometendo combater o problema e afirma ter recuperado R$ 2,75 bilhões em verba desviada durante seu mandato, mas críticos apontam que sua ofensiva só atingiu adversários. O opositor PDP é fortemente associado ao saqueio dos cofres públicos nos 16 anos em que ficou no poder.
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