Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Diretor-geral da OMC diz que discurso de chanceler é propício e compatível

Embaixador brasileiro Roberto Azevêdo se reuniu com Bolsonaro e Araújo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Thais Bilenky, Gustavo Uribe, Marina Dias e Talita Fernandes
Brasília

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), elogiou o discurso inaugural do chanceler Ernesto Araújo, crítico ao que chama de globalismo.

"Eu acho que foi muito propício e compatível com tudo o que está acontecendo", afirmou, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e Araújo no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (3). 

O novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante solenidade de transmissão de cargo, no Palácio Itamaraty
O novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante solenidade de transmissão de cargo, no Palácio Itamaraty - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

"O globalismo, pelo que eu entendo, é aceitação de regras internacionais sem nenhuma visão crítica. É aceitar como está. Eu entendo que temos de repensar isso. Não vejo nenhum problema em repensar as coisas."

​Azevêdo mencionou a reforma interna na OMC como exemplo da necessidade de modernização de organismos multilaterais —endossando o discurso do governo Bolsonaro neste sentido.

"Há uma percepção de vários países membros de que o sistema multilateral precisa se repensar, ser arejado, modificado e reagir de maneira mais efetiva aos interesses dos países membros. O Brasil acho que entende as coisas dessa forma também", disse.

"[Araújo] disse que o Brasil vai se engajar [na reforma da OMC], não estão rejeitando ou abandonando organismos. Eles querem que os organismos respondam melhor e estejam adaptados às realidades do mundo moderno. E, entendo eu, aos interesses brasileiros", afirmou.

O diretor-geral da OMC minimizou eventuais impactos econômicos de decisões de política externa. Disse que não comentaria a eventual mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. Países árabes, importantes importadores de proteína animal nacional, criticam a intenção.

Na política externa, o governo Bolsonaro manifesta preferência por relações bilaterais a negociações envolvendo diversos países. E critica a prevalência de atitude pragmática na seara econômica.

"Eu tenho dito que o caminho bilateral é importantíssimo e tem de ser trilhado. Ele é mais rápido e efetivo nas negociações tarifárias e de acesso ao mercado. O sistema multilateral complementa esse lado bilateral. É o que todos os países fazem e não vejo por que o Brasil não deva fazer desse jeito", afirmou Azevêdo.

"A falsa dicotomia entre os caminhos bilateral e multilateral não está na cabeça do presidente e de sua equipe. Eles deixaram claro que a ideia é usar os mecanismos internacionais de uma maneira que sirva aos interesses brasileiros.”

Ao assumir o Itamaraty, na quarta-feira (2), Ernesto Araújo fez um discurso de repercussão

Não deixem o globalismo matar a sua alma em nome da competitividade. Não acreditem no que o globalismo diz quando diz que para ter eficiência econômica é preciso sufocar o coração da pátria e não amar a pátria. Não escutem o globalismo quando ele diz que paz significa não lutar”, declarou. 

O nome de Azevêdo, diplomata de carreira, foi apresentado para a presidência da OMC em 2014 pelo governo Dilma Rousseff e se reelegeu para novo mandato de quatro anos a partir de 2017.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.