A um mês e meio de eleições legislativas em Israel, novato é ameaça a Netanyahu

General Benny Gantz, 59, ganha popularidade ao adotar posicionamento centrista e conciliador

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Tel Aviv

Os dois têm o mesmo nome: Binyamin. Mas os apelidos diferem, bem como a visão para o futuro político do Estado de Israel. Se o primeiro-ministro Binyamin “Bibi” Netanyahu defende sua continuidade –e de seu partido direitista, o Likud– no poder, o general Binyamin “Benny” Gantz é a esperança dos centristas –e de muitos esquerdistas– para acabar com a invencibilidade de Netanyahu, há 10 anos no poder.

A um mês e meio das eleições legislativas em Israel (9 de abril), Benny Gantz, que fundou o partido novato Resiliência de Israel, é apontado como o único nome que pode desbancar Netanyahu.

Nesta quinta-feira (21), último dia para registro de partidos, as chances do general da reserva parecem ter aumentado, depois que ele anunciou uma coalizão com o ex-jornalista Yair Lapid, do partido Há Futuro.

Juntos, eles criaram a coligação Azul e Branco –as cores da bandeira israelense.

Benny Gantz, alto, com cabelo curto e grisalho, acena para platéia em congresso
Benny Gantz, do partido “Resiliência de Israel", é o único candidato que apresenta ameça à Binyamin Netanyahu - Jack Guez/AFP

Segundo uma das pesquisas de opinião, se a votação fosse hoje, a “Azul e Branco” conseguiria 36 das 120 cadeiras do Knesset, o Parlamento em Jerusalém. O partido conservador Likud, de Netanyahu, desde 2009 no poder, ficaria com apenas 26 assentos (quatro a menos dos 30 de hoje).

Mesmo que consiga ser o líder da legenda mais votada, no entanto, Gantz terá que compor alianças que garantam a ele 61 cadeiras no Parlamento. Analistas afirmam que isso poderá ser um obstáculo, caso os partidos de direita recebam, juntos, mais votos.

A força de Gantz é seu passado militar. Afinal, alguns dos icônicos líderes da esquerda nacional também foram ex-chefes das Forças Armadas, como Yitzhak Rabin e Ehud Barak (ambos do Partido Trabalhista). E a “Azul e Branco” inclui outros dois ex-chefes das Forças Armadas, Moshe "Bogie" Ya'alon e Gaby Ashkenazy.

“Um clima ruim é sentido nas ruas, e estamos aqui esta noite para dizer: 'Basta!'. Em vez de divisão, propomos unidade, em vez de extremismo, propomos respeitabilidade”, disse Gantz durante o lançamento da “Azul e Branco”.

Mas, apesar do momentum, Gantz ainda é um enigma político. Se, por um lado, flerta com a esquerda; por outro, pisca para a direita:

“Não acho que tenho que, a priori, falar de uma maneira muito detalhada sobre o que eu penso e o que eu não penso. O que me atrai é o interesse israelense. Que 90% das pessoas concordem com 90% das coisas”, disse Gantz em entrevista ao jornal Yedioth Aharonoth.

A verdade é que, quanto menos Gantz entra em detalhes, maior sua popularidade. Até agora, o general tenta se demonstra como “centrista” e “conciliador”, o que o ajudaria a roubar votos tanto de partidos de esquerda quanto de direita.

Na entrevista ao Yedioth Aharonoth, ele manteve a estratégia. Disse que Israel não quer continuar a controlar os palestinos. Mas não sugeriu nada de concreto nessa direção.

“A meu ver, a pergunta central é a questão da segurança. Não procuramos dominar ninguém. Precisamos encontrar um caminho pelo qual nós não dominemos outras pessoas”, afirmou, sem detalhar.

“Nosso campo está há tanto tempo fora do poder que anseia por um salvador”, disse a deputada trabalhista Shelly Yachimovich.

Mas quem é Benny Gantz e, ainda mais importante, o que pensa? Aos 59 anos, casado e pai de quatro filhos, foi chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel (2011 a 2015).

Alto, esbelto e popular, Gantz, hoje na reserva, parece ter tudo o que os israelenses acreditam ser fundamental para ser um primeiro-ministro: conhecimento sobre segurança e estratégia, assertividade e aptidão para comando.

Filho de uma sobrevivente do Holocausto húngara e de um refugiado romeno, Gantz nasceu em 1959 em uma comunidade agrícola (moshav) no Sul de Israel.

Estudou em um internato perto de Tel Aviv e ingressou, como todos os jovens israelenses, no Exército aos 18 anos. Foi paraquedista antes de se tornar oficial e subir, lentamente, de posição.

Paralelamente ao serviço militar, se formou em história e fez dois mestrados.

Ao deixar o Exército, em 2015, passou pelos quatro anos de quarentena necessários para a transição do cargo anterior para a política antes de, após muita especulação, finalmente confirmar sua candidatura.

Quando o fez, em dezembro, todos os olhos se voltaram para ele. Aí, teoricamente, entraria a resposta para a segunda parte da pergunta "quem é Gantz?".

Teoricamente, porque, até agora, poucos conseguem defini-lo politicamente ou receber respostas claras quanto à sua agenda de governo.

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