Belarus encontra vala comum com 790 corpos em antigo gueto judeu

Local foi tomado por tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial

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Brest | AFP

Pelo menos 790 corpos foram encontrados em uma vala comum na Belarus, no local de um antigo gueto judeu. O lugar abrigou pelo menos 18 mil pessoas durante a Segunda Guerra Mundial, de acordo com autoridades locais. 

A exumação dos corpos começou em janeiro em Brest, cidade de 340 mil habitantes na fronteira com a Polônia. A descoberta aconteceu porque no local está sendo construído um complexo residencial, apesar da oposição dos vizinhos.

Homens trabalham na vala comum encontrada em um antigo gueto judeu, na Belarus
Homens trabalham na vala comum encontrada em um antigo gueto judeu, na Belarus - Sergei Gapon - 27.fev.19/AFP

Técnicos passam o dia enchendo sacos plásticos com os ossos humanos encontrados. "Entregamos os restos mortais às autoridades para que eles possam ser enterrados novamente", disse Dmitri Kaminski, um dos responsáveis pelo trabalho.

"Quando encontramos o esqueleto de uma criança e de um adulto que a protege, entendemos o que essas pessoas sentiam."

As tropas nazistas tomaram Brest, que na época fazia parte da União Soviética, em junho de 1941, após uma semana de batalha. Dias depois, milhares de judeus foram mortos.

O gueto foi criado em dezembro de 1941. Antes, todos os objetos de valor dos sobreviventes foram confiscados. Uma autoridade da prefeitura disse que, previamente à descoberta atual, restos de vítimas dos massacres de 1941 foram encontrados em vários lugares da cidade.

Quase todos os judeus de Brest que sobreviveram foram mortos em outubro de 1942 em Bronnaya Gora, um campo de concentração e extermínio criado na região pelos nazistas.

Um arquiteto e historiador local entrou com um pedido solicitando a construção do complexo residencial planejado no local onde até agora havia um prédio da época do gueto.

"Eu não entendo como eles podem construir uma casa em cima de esqueletos. Devemos erguer um monumento em homenagem aos mortos", disse uma vizinha, Galina Semionova, 87.

A construtora Pribujskiï Kvartal se recusa a interromper as obras, argumentando que foi aprovada pelas autoridades.

O projeto imobiliário pretende renovar uma área da cidade formada por "velhos edifícios residenciais em ruínas", disse a empresa em um comunicado. "Infelizmente, nos anos que se seguiram à guerra (...) encontraram muitas valas comuns na Bielorrússia", acrescenta o informe.

 
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