Comediante lidera pesquisa eleitoral para presidente da Ucrânia

Volodimir Zelenski ficou famoso ao fazer sátiras de políticos

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Volodimir Zelenski, ao chegar para registrar sua candidatura, em Kiev - Assessoria de Volodimir Zelenski/AFP
São Paulo e Kiev | Reuters

Um comediante ucraniano que interpretava um presidente bem-intencionado em uma popular série de TV se candidatou à Presidência do país europeu. E, segundo as últimas pesquisas, é um dos favoritos a ocupar o cargo no mundo real.

Volodimir Zelenski, 41, ganhou fama ao fazer shows stand-up nos quais satirizava os políticos do país. E ficou ainda mais conhecido como protagonista da série "Servo do Povo", que chegou à Netflix.

Nessa comédia, ele interpreta um professor de ensino médio que fica famoso após fazer um vídeo contra a corrupção que viraliza. Ele acaba eleito presidente e tenta combater a corrupção no governo e os privilégios da elite. 

Zelenski anunciou sua candidatura em 1º de janeiro. Em pesquisa divulgada nesta semana, ele lidera com cerca de 21,9% dos votos. A ex-primeira-ministra Iulia Timoshenko aparece em segundo, com 19,2%, e Petro Poroshenko, o atual presidente, vem em terceiro, com 14,8%, segundo o jornal Kyiv Post. As eleições estão marcadas para 31 de março.

O comediante aposta no combate à corrupção e no discurso de que é alguém novo, de fora da política, capaz de trazer mudanças reais. Uma repetição de estratégias que deram certo em países como Estados Unidos (com Donald Trump), Brasil (Jair Bolsonaro) e El Salvador ( Nayib Bukele).

Volodymyr Zelensky, em imagem de divulgação da série "Servent of the People"
Volodymyr Zelensky, em imagem de divulgação da série "Servo do Povo" - Divulgação

O governo de Poroshenko foi marcado por várias acusações de corrupção, envolvendo o alto escalão, que ficaram sem punição. E ativistas anticorrupção foram alvo de ataques. 

Zelenski também promete aumentar os salários e trabalhar para que os ucranianos recuperem sua autoestima. A economia do país enfrenta dificuldades desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, como alta da inflação e forte retração do PIB. 

No entanto, destoa do tom antiglobalização, comum a Trump e a Bolsonaro, e promete avançar no plano de levar a Ucrânia a fazer parte da União Europeia e também da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As duas ideias são condenadas pela Rússia, que quer manter a Ucrânia afastada da influência de países ocidentais. 

Adversários de Zelenski o acusam de ser apoiado, de forma escondida, por Igor Kolomoiski, um banqueiro bilionário que é inimigo de Poroshenko e dono do canal de TV que exibia a série "Servo do Povo". O humorista nega ter relações com o empresário.

A Ucrânia vive uma onda de forte desencanto com a política. Uma pesquisa feita em dezembro apontou que 70% dos habitantes pensa que o país está indo na direção errada. 

"Há uma fadiga por esperanças que não se cumpriram", diz Irina Bekeshkina, diretora da Fundação de Iniciativas Democráticas, uma das entidades que fez a pesquisa.

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