Um coronel da ativa do Exército da Venezuela publicou um vídeo nas redes sociais neste sábado (9) se colocando a serviço do opositor Juan Guaidó
Rubén Alberto Paz Jiménez, que é médico, pediu a seus companheiros de armas que permitam a entrada da ajuda humanitária que começou a chegar à cidade fronteiriça de Cúcuta, na Colômbia, a pedido de Guaidó, o líder do Legislativo, que se declarou presidente encarregado do país em 23 de janeiro.
Vestido com uma jaqueta militar, Paz Jiménez disse "desconhecer" o ditador Nicolás Maduro como presidente e "reconhecer" Guaidó "como presidente interino e comandante em chefe das Forças Armadas Nacionais".
Paz Jiménez pediu aos colegas de farda que reajam, diante da aguda crise de escassez de remédios e alimentos.
"Como médico, reconheço a problemática questão sanitária que o país vive. Peço a todos os integrantes das Forças Armadas: permitam a entrada de ajuda humanitária", insistiu.
A ONG Controle Cidadão calcula que cerca de 180 militares foram detidos em 2018, acusados de conspirar, e pelo menos 10 mil membros da Força Armada pediram baixa desde 2015.
Segundo Paz Jiménez, referindo-se a Maduro e à cúpula do governo, "90% das Forças Armadas estão insatisfeitas". "Estamos sendo usados para mantê-los no poder."
É o segundo oficial de alta patente a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
O primeiro foi Francisco Estéban Yánez Rodríguez, general-de-divisão e diretor de Planificação Estratégica do Alto Comando da Aviação (equivalente a Força Aérea), no dia 2 de fevereiro, quando também publicou um vídeo nas redes sociais para anunciar que não reconhecia o mandato de Nicolás Maduro.
Na ocasião, o general, chamado de "traidor" pelo governo, chegou a dizer que tinha informações de que Maduro tem todos os dias dois aviões prontos para partir.
“Hoje, com orgulho patriótico e democrático lhes informo que desconheço a autoridade ditatorial do senhor Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como o presidente encarregado [interino] da República Bolivariana de Venezuela, pelo que dignamente me ponho às suas ordens”.
Crime
Juan Guaidó afirmou neste domingo (10) que os militares que impedem a entrada da ajuda humanitária se tornam "quase genocidas", porque cometem um "crime contra a humanidade".
"O regime sabe que é um crime contra a humanidade, senhores das Forças Armadas", disse Guaidó à imprensa, depois de assistir a uma missa em Las Mercedes, a leste de Caracas, com sua esposa, Fabiana Rosales, e a filha Miranda, de 1 ano e 8 meses.
Guaidó disse que os militares se tornarão "perpetradores" e se tornarão "quase genocidas" pelo "assassinato" de jovens manifestantes e por "não permitir que a ajuda humanitária" chegue a quem precisa na Venezuela.
O líder da oposição reiterou seu pedido de uma passeata na terça-feira (12), Dia da Juventude, em memória dos mortos —cerca de 40 em tumultos desde 21 de janeiro, segundo a ONU— e para exigir que seja permitida a entrada da ajuda humanitária.
Medicamentos e alimentos enviados pelos EUA permanecem por três dias em Cúcuta, na Colômbia, perto da ponte fronteiriça Tienditas, bloqueada pelo exército venezuelano com dois contêineres e um caminhão-tanque.
O ditador Nicolás Maduro diz que não há crise humanitária na Venezuela e acusa os EUA de planejarem uma intervenção militar para ter acesso às reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do planeta. Disse também que a pressão para a entrada de alimentos e remédios no país é nada apenas um "show" para atrair a atenção da mídia.
De acordo com Maduro, os problemas sociais enfrentados pelo país são consequência das sanções americanas contra o regime.
De acordo com a ONU, cerca de 2,3 milhões de venezuelanos emigraram desde 2015 para fugir da crise.
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