Os EUA propuseram ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Venezuela.
No texto, ao qual a Rússia se opôs, os norte-americanos pedem a facilitação da entrega de ajuda humanitária internacional ao país e que este se comprometa com novas eleições presidenciais.
O plano apresenta que há "pleno apoio" do Conselho de Segurança à Assembleia Nacional venezuelana, a "única instituição democraticamente eleita" no país.
Os EUA afirmam que existe uma "profunda preocupação diante da violência e do uso excessivo da força" por parte do governo venezuelano contra manifestantes pacíficos e não armados. O texto entregue ao Conselho de Segurança pede que seja instaurado no país um "processo político que conduza a eleições presidenciais livres, justas e confiáveis".
O projeto de resolução solicita ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que "utilize seus bons ofícios" para negociar esse processo eleitoral, alertando para o fato de uma "deterioração" da situação humanitária e para a urgência da liberação para a entrada e a entrega de ajuda a quem precisar.
Os primeiros caminhões com ajuda humanitária, enviados pelos EUA para a Venezuela, chegaram a Cúcuta, na Colômbia, nesta quinta-feira (7). A cidade fica próxima à fronteira venezuelana, que está sob vigia de soldados do Exército venezuelano —eles bloquearam a ponte internacional Las Tienditas com contêineres e um caminhão-tanque.
Washington não divulgou data para votar o texto e, de acordo com um diplomata ouvido pela agência de notícias AFP, as negociações continuam. Outras fontes diplomáticas indicam ainda que, se forem convocadas eleições na Venezuela, a Rússia, que apoia o ditador Nicolás Maduro e acusa os EUA de apoiarem um "golpe de Estado" no país, usará seu direito de veto.
Na sexta-feira (8), o governo da Rússia também propôs ao Conselho de Segurança da ONU, formado por 15 países membros, um "texto alternativo" ao dos EUA.
O texto russo expressa que há "preocupação" do Conselho diante "das ameaças de recorrer à força contra a integridade territorial e a independência política da Venezuela". E critica "as tentações de intervir em temas que constituem principalmente assuntos internos" do país.
Os russos pedem "um acerto da situação atual (...) através de meios pacíficos" e manifestam apoio a "todas as iniciativas dirigidas a encontrar uma solução política entre os venezuelanos, incluindo o Mecanismo de Montevidéu" —iniciativa proposta por Uruguai e México que envolve um solução negociada, pautada pelo diálogo, pela definição de compromissos a serem seguidos e a implementação das decisões acordadas.
O texto russo, porém, não conta hoje com adesão suficiente de votos —nove— para que seja aprovado sem que outro país use o poder de veto.
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