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Líderes da Europa e da América Latina pedem diálogo e eleições na Venezuela

Uruguai muda posição em relação a Caracas e passa a defender novo pleito presidencial

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Apoiadores do ditador Nicolás Maduro protestam em Montevidéu durante a reunião do Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela
Apoiadores do ditador Nicolás Maduro protestam em Montevidéu durante a reunião do Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela - Nicolás Celaya/Xinhua
Buenos Aires

Líderes da Europa e da América Latina pediram diálogo e novas eleições nesta quinta-feira (7) para solucionar a crise econômica e política na Venezuela, alertando contra intervenções externas, no mesmo dia em que caminhões com ajuda humanitária chegavam à fronteira da Colômbia com o país.

A pressão internacional para que o ditador Nicolás Maduro deixe o poder vem se intensificando nesta semana, depois de um grupo de países europeus reconhecerem na segunda-feira (4) o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Presidente da Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, Guaidó se declarou presidente encarregado da Venezuela em 23 de janeiro, apenas alguns dias depois de Maduro iniciar um novo mandato. Algumas horas depois, já colhia o apoio dos Estados Unidos e de vários latino-americanos, como Brasil, Colômbia, Chile e Peru.

A Rússia e a China ainda apoiam Maduro e vêm se posicionando contra qualquer tipo de intervenção por Washington ou outros países.

O chamado Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela, que reúne representantes da União Europeia (França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido), Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai, disse nesta quinta-feira (7) que vai enviar uma missão técnica ao país latino-americano para ajudar em questões de ajuda humanitária e dar apoio a novas eleições assim que possível.

Reunido nesta quinta-feira (7) em Montevidéu, o grupo discutiu formas de "estabelecer um diálogo entre governo e oposição" na Venezuela, com vistas a colocar fim à crise política, econômica e humanitária que vive a Venezuela.

O grupo também pediu a convocação de eleições presidenciais livres, transparentes e confiáveis para alcançar uma solução pacífica para a crise. 

Também nesta quinta, os Estados Unidos começaram a revogar a emissão de vistos a membros da Assembleia Constituinte da Venezuela, criada em 2017 pelo ditador Nicolás Maduro e composta por aliados do ditador e que passou a exercer a função de poder Legislativo em lugar da Assembleia Nacional, eleita pelo povo.

"Os Estados Unidos estão revogando vistos aos membros da Assembleia Constituinte ilegítima", disse à imprensa Elliot Abrams, enviado para a Venezuela do secretário de Estado, Mike Pompeo. A Constituinte é presidida pelo poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.

Federica Mogherini, representante da UE para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, disse que a "situação na Venezuela coloca em risco não apenas a estabilidade da América Latina mas de todo o mundo." E acrescentou que a "tarefa que nos ocupa é urgente, pois a situação da população está piorando".

O México não assinou o mais recente documento do chamado Grupo de Lima, composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia, por considerar extremas as medidas e sanções propostas contra os funcionários da ditadura.

Apesar de falar em "abertura de novos espaços políticos", o Grupo Internacional de Contato não avançou em propostas pragmáticas, além da de integrar o Vaticano e a participação do papa Francisco numa possível mediação entre as partes.

Indicou que o grupo quer evitar a "violência interna e prevenir que o país seja vítima de uma intervenção externa", porém, apoia o estímulo para que se realizem logo novas eleições presidenciais e que se "assegure a chegada da ajuda humanitária o mais rápido possível."

Porém, há divisões no próprio grupo, uma vez que Bolívia, México, Uruguai e Itália não reconhecem formalmente Juan Guaidó.

Do lado de Guaidó, em suas últimas entrevistas, também deixou claro que "o tempo para mediações e diálogos já passou e agora só se reuniria com Maduro para negociar a transição", como declarou à Folha.

Um dos principais obstáculos a um possível governo de transição de Guaidó é o apoio de grande parte das Forças Armadas a Maduro.

O almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos EUA, disse nesta quinta em depoimento a um comitê do Senado americano que a maioria dos 2.000 generais venezuelanos era leal ao ditador devido à riqueza que acumularam durante seu governo, vinda do tráfico de drogas e do petróleo, mas que os soldados rasos estavam morrendo de fome assim como o resto da população.

Faller disse também que os militares americanos estão preparados para proteger funcionários e propriedades diplomáticas dos EUA na Venezuela se necessário.

Com Reuters

 
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