Descrição de chapéu Venezuela

Planalto reafirma missão humanitária à Venezuela e minimiza possível conflito

Envio de mantimentos e medicamentos terá início neste sábado

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Brasília

O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, reafirmou nesta sexta-feira (23) que o governo manterá a missão humanitária à Venezuela, mesmo com o fechamento da fronteira com o Brasil

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tenta impedir a chegada de ajuda brasileira que conta com o apoio do EUA. Os dois países reconheceram o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. 

Rêgo Barros disse que o envio de alimentos e medicamentos terá início no sábado (24), sem data prevista para término. Ele afirmou que já foram reunidas 200 toneladas de alimentos básicos —como arroz, feijão, café, leite em pó, açúcar e sal— e kits de primeiros socorros.

Pessoas tentam atravessar fronteira entre Venezuela e Brasil em Pacaraima, Roraima
Pessoas tentam atravessar fronteira entre Venezuela e Brasil em Pacaraima, Roraima - Ricardo Moraes/Reuters

Como a fronteira está fechada, o governo fará tentativas sequenciais de enviar o material, em ações que começam no sábado. Os materiais serão transportados por caminhões venezuelanos.

O governo informou que um dos veículos já está em Boa Vista e outros quatro estão a caminho da capital de Roraima. 

Rêgo Barros descartou novamente a possibilidade de emprego das Forças Armadas na Venezuela. "Queremos reforçar que a operação brasileira tem caráter exclusivamente de ajuda humanitária", afirmou.

"Não havendo qualquer interesse do nosso país no emprego de qualquer outra frente neste momento."

Em meio ao registro de violência na fronteira do Brasil com a Venezuela, nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto para tratar da crise na região.

Um gabinete interministerial de crise foi montado para acompanhar o caso. 

Na manhã desta sexta, militares venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que tentava ajudar a manter aberta a fronteira da Venezuela com o Brasil. Ao menos duas pessoas foram mortas e dezenas ficaram feriadas. 

Questionado sobre a possibilidade de conflito na região e de qual seria a resposta do governo brasileiro, caso Maduro resolva iniciar uma ação militar contra o Brasil, o porta-voz disse que "não conjecturamos poder de combate".

Rêgo Barros disse que o governo acompanha a possibilidade de o estado de Roraima ficar desabastecida de energia, por depender da Venezuela, mas que já se antecipa para evitar que isso ocorra. 

"Estamos acompanhando essa possibilidade, mas estamos nos antecipando", disse.

"O governo tem o planejamento, já esta antevendo esses desafios e já está se sobrepondo a esses desafios. Não deixarmos que a população de Boa Vista, e por consequência a população de Roraima sofra mais com a entrada de venezuelanos".

O governo não confirmou que Maduro tenha instalado um sistema de mísseis de defesa aérea numa localidade próxima à fronteira com o Brasil.

A notícia do posicionamento desse armamento circulou ao longo da sexta-feira em um site especializado em temas de defesa. 

"Sobre o posicionamento de mísseis S-300 próximo à fronteira, não está confirmado, disse o porta-voz.

O porta-voz da Presidência também disse que o governo recebeu informações de que o espaço aéreo venezuelano está aberto para voos comerciais. A proibição de circulação aérea na Venezuela, disse Rêgo Barros, vale para aeronaves militares e voos charters.

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50 países (incluindo o Brasil) como presidente interino, se comprometeu a fazer chegar "de uma forma ou de outra" a ajuda humanitária ao país a partir de diversos pontos na fronteira, neste sábado (23). 

Estão reunidos no Planalto, além de Bolsonaro, representantes de dez ministérios, o chefe do Estado-Maior do Conjunto das Forças Armadas, tenente brigadeiro do Ar, Raul Botelho. O governador de Roraima, Antonio Denarium, participa por videoconferência. 

O governo vai enviar uma comitiva no fim de semana à Colômbia, onde o Grupo de Lima se reunirá para discutir a situação da Venezuela. O Brasil será representado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão e pelo chanceler, Ernesto Araújo, que já está no país. 

O Grupo de Lima é formado por chanceleres de países das Américas criado em 2017, na capital do Peru, para tratar da crise venezuelana. 
 
O governo federal vai manter um gabinete de crise para acompanhar a situação da fronteira e Bolsonaro se reunirá com Mourão no domingo (24), antes do embarque do vice para a Colômbia. 

O confronto desta sexta ocorreu em uma vila de Kumarakapay, na Venezuela, que fica ao lado de uma estrada. Um grupo indígena tentou parar um comboio militar que se dirigia à fronteira com o Brasil, em um dos pontos onde o governo Maduro pretende barrar a entrada de ajuda humanitária. Os soldados entraram na vila, abriram fogo contra as pessoas, liberaram o caminho e seguiram em frente.

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