Presidente da Nigéria incentiva Exército a não ter piedade de quem prejudicar eleição

Governante afirma que fraudadores arriscarão a vida; para oposição, declaração é ameaça

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Abuja | AFP

O presidente da Nigéria, Muhamadu Buhari, incentivou o Exército do país a não ter piedade de eventuais manipuladores das eleições —que foram adiadas para o próximo sábado (23)—, advertindo que quem tentar atrapalhar a disputa estará colocando sua vida em risco.

A oposição criticou a declaração, afirmando que se trata de um chamado a "disparar contra inocentes".

O presidente da Nigéria, Mohammadu Buhari, em discurso durante reunião de seu partido nesta segunda (18)
O presidente da Nigéria, Mohammadu Buhari, em discurso durante reunião de seu partido nesta segunda (18) - Pius Utomi Ekpei/AFP

"Já ordenei à polícia e ao Exército que não tenham piedade. Não seremos responsáveis (...) por aqueles que roubem urnas ou utilizem delinquentes para perturbar a votação”, advertiu o governante, que tenta se reeleger, durante uma reunião de seu partido transmitida pela TV nacional.

Buhari disse que qualquer um que tentar intimidar eleitores ou interferir na votação "o fará sob risco de vida". "Provavelmente será o único ato criminal que o [fraudador] cometerá”, afirmou o ex-general, que já havia dirigido o país em 1983, após dar um golpe de Estado.

O principal partido de oposição, PDP (Partido Popular Democrático), denunciou as declarações como "ameaças". "É um chamado aberto para que as pessoas façam justiça com as próprias mãos”, disse, em um comunicado, o porta-voz da sigla, Kola Ologbondiyan.

"Sabemos que o presidente Buhari, que já se gabou de ser inamovível, pode utilizar meios ditatoriais e tirânicos para impedir a celebração de eleições livres e transparentes", afirmou.

Previstas para 16 de fevereiro, as eleições foram adiadas pela Comissão Eleitoral Independente (Inec) poucas horas antes do início da votação, argumentando problemas logísticos.

Os dois principais partidos na disputa se acusam mutuamente pelo adiamento da votação. O PDP sugeriu que seria uma estratégia de Buhari para se perpetuar no poder.

Já o APC (Congresso de Todos os Progressistas), partido de Buhari, afirma que o PDP está por trás da medida e que agiria em conluio com a comissão eleitoral.

Um dos assessores de comunicação de Buhari elogiou a declaração no Twitter e fez uma alusão direta ao passado militar do presidente. "O presidente-geral Muhamadu Buhari não brinca!”, escreveu Johannes Tobi. O tuíte foi apagado em seguida.

Em um momento de desaceleração da economia, com 87 milhões de nigerianos vivendo em situação de pobreza extrema, a compra de votos é uma ameaça ao processo eleitoral.

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