O presidente iraniano, Hassan Rouhani, não aceitou a renúncia do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, nesta terça-feira (26).
Diplomata veterano, educado nos EUA, onde também fez doutorado em direito, Zarif foi um dos principais articuladores do acordo nuclear de 2015, que obrigou o Irã a submeter seu programa nuclear à supervisão da ONU, enquanto os EUA retirariam a maior parte das sanções financeiras e econômicas internacionais ao país.
No ano passado, no entanto, o presidente americano, Donald Trump, abandonou o acordo.
O pedido de demissão, anunciado por Zarif nas redes sociais na segunda-feira, aprofundou a divisão entre radicais e moderados no Irã. Um aliado do chanceler disse que sua renúncia foi motivada por críticas ao acordo nuclear, sob pressão cada vez mais intensa da ala mais radical dos políticos iranianos.
Desde que os EUA abandonaram o acordo nuclear e voltaram a aplicar sanções, Rouhani precisou explicar por que o país continuou a obedecer as restrições sem se beneficiar dos acordos econômicos anteriormente previstos.
O chanceler não apresentou explicações publicamente para o pedido de demissão. Mas, de acordo com o jornal iraniano Entekhab, o motivo da renúncia seria o fato de não ter sido informado sobre a visita que o ditador sírio, Bashar al-Assad, fez ao Irã na segunda-feira.
Assad se reuniu com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e Rohani. Zarif não estava presente em nenhum dos encontros, de acordo com a agência iraniana Isna, e não aparece nas fotos da reunião entre Khamenei e Assad.
Políticos que representam a facção moderada enviaram ao presidente iraniano uma carta pedindo para que ele mantivesse o chanceler no cargo.
Rouhani venceu as eleições de 2013 e 2017 com promessas de reformas. A incerteza política vem em um momento difícil, já que as sanções dos Estados Unidos acabaram com as esperanças de avanço econômico.
Zarif, 59, dirigiu a diplomacia iraniana durante o primeiro mandato de Rouhani (2013-2017) e foi confirmado no cargo após a reeleição do presidente, considerado um moderado no Irã.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.