Descrição de chapéu Venezuela

Agentes do serviço de inteligência da Venezuela detêm chefe de gabinete de Guaidó

Roberto Marrero é acusado de terrorismo, diz regime Maduro; EUA pedem libertação

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O líder oposicionista Juan Guaidó deixa a residência de Roberto Marrero, preso pela ditadura de Maduro
O líder oposicionista Juan Guaidó deixa a residência de Roberto Marrero, preso pela ditadura de Maduro - Ronaldo Schemidt/AFP
 
Santiago e Caracas | AFP

Agentes do Sebin (a agência de inteligência venezuelana) entraram na madrugada desta quinta-feira (21) nas casas de Roberto Marrero, diretor do escritório do líder opositor Juan Guaidó, e do deputado Sergio Vergara, ambas no bairro de Las Mercedes, em Caracas.

No início da noite desta quinta, o regime do ditador Nicolás Maduro afirmou que Marrero está sendo acusado de integrar um "célula terrorista" que planejava ataques no país. 

Segundo o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, general Néstor Reverol, Marrero "é o responsável direto pela organização desses grupos criminosos, de quem foi apreendido um lote de armas de guerra e divisas estrangeiras em espécie durante uma ação de busca realizada em sua residência".

A ação, realizada de maneira violenta, foi criticada pelos Estados Unidos, pelo Grupo de Lima e pela Assembleia Nacional Venezuelana, de maioria opositora.  

Por meio de uma rede social, Marrero disse que "neste momento estão entrando em minha residência. Denuncio diante da comunidade internacional esse novo atropelo do regime". Pouco depois, ele foi detido e levado da casa.  

"Eles estão sequestrando Roberto Marrero, meu chefe de gabinete", disse Guaidó nas redes sociais.  

Marrero e Vergara são os dois funcionários da Assembleia Nacional que escoltaram Guaidó em sua chegada a Maiquetía, após voltar no último dia 4 de um tour por países da América do Sul. Eles são vistos ao lado do oposicionista nas fotos do desembarque todo o tempo.

Por meio de um comunicado da Assembleia Nacional divulgado horas depois da invasão, Vergara relatou que mais de 15 homens encapuzados invadiram sua residência, enquanto uma mulher gravava o que acontecia.

"Eles quebraram a porta da minha casa, quando os dois primeiros funcionários entraram, apontaram armas para mim. Disse a eles que sou deputado da Assembleia Nacional e tenho imunidade parlamentar. Eles me jogaram no chão, e lá me mantiveram com a cabeça baixa enquanto examinavam a casa e estavam passando por um armário. Pedi-lhes repetidamente que entendessem que o processo que estamos tocando, que é um processo pacífico, é libertar toda a Venezuela ", afirmou Vergara.

Os agentes da Sebin não o prenderam, mas em seguida foram à casa de Marrero, que fica a poucos metros da de Vergara, e o detiveram. A ação começou às 2h (3h de Brasília). 

"Quando eles pegaram Roberto, ele gritou que haviam lhe mostrado dois fuzis e uma granada, mandaram que ele calasse a boca. Eu disse que ele tinha muita força [para encarar a situação]", relata Vergara no comunicado. 

Assim que souberam do que estava ocorrendo, outros deputados da oposição se encaminharam para ambas as casas para tentar impedir as prisões, mas tiveram a entrada barrada, de acordo com o comunicado da Assembleia Nacional. O paradeiro de Marrero é desconhecido.

"Os Estados Unidos condenam as incursões dos serviços de segurança de Maduro e a detenção de Roberto Marrero. Nós pedimos sua libertação imediata e responsabilizaremos os envolvidos", disse o secretário de Estado, Mike Pompeo, em uma rede social. 

O Grupo de Lima, que reúne governos do continente americano , condenou energicamente a prisão e também pediu a soltura imediata de Marrero. "Tornamos o regime de Maduro responsável pela segurança e integridade física dos senhores Roberto Marrero e Sérgio Vergara", disse o grupo, em nota. 

A ação do Sebin foi criticada também pelo ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Trujillo, e pela vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, Beatriz Becerra. 

Guaidó se autodeclarou presidente interino da Venezuela em janeiro e foi reconhecido por mais de 50 países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, por considerar que a eleição presidencial de 2018, vencida por Nicolás Maduro, teve fraudes.

Ele enfrenta dificuldades para combater o regime de Maduro, que segue apoiado pelas Forças Armadas do país. Em fevereiro, o líder opositor planejou uma grande ação para receber ajuda humanitária enviada por Estados Unidos e outros países.

No entanto, o governo impediu a entrada de suprimentos ao bloquear as fronteiras com Brasil e Colômbia. Para Maduro, a entrega de mantimentos era uma maneira de camuflar uma possível invasão estrangeira na Venezuela. 

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