Diversas regiões da Venezuela, incluindo a capital Caracas, ficaram sem energia nesta segunda-feira (25), no segundo apagão a atingir o país em menos de 20 dias.
Segundo relatos de moradores nas redes sociais e informações da imprensa local, a região metropolitana de Caracas e o estado de Miranda, vizinho à capital, são os mais afetados pela falta de luz.
Ao menos 17 estados dos 23 estados venezuelanos sofrem de alguma forma com a falta de energia nesta segunda.
O apagão, que começou às 13h20 locais (14h20 no horário de Brasília), fez o metrô da capital ser fechado e os semáforos, desligados. Muitos moradores tiveram de voltar a pé para a casa.
Os serviços de telefonia e de internet também deixaram de funcionar em Caracas e em grande parte do país.
A falta de luz atingiu ainda a região do palácio de Miraflores, sede do regime do ditador Nicolás Maduro, e o prédio da Assembleia Nacional, de maioria opositora.
Cerca de três horas após a interrupção, o fornecimento começou a ser normalizado em algumas áreas da capital. No início da noite, era possível ver lâmpadas acesas nos edifícios residenciais.
Porém, às 22h, voltou a faltar eletricidade em Caracas. A estatal Corpoelec afirmou que haverá cortes de energia até que consiga “completar as operações com êxito”.
Por meio de redes sociais, moradores dos estados de Miranda, Carabobo e Aragua informaram que havia luz nessas localidades. Já outras regiões continuavam às escuras.
Testemunhas afirmaram que a falha na distribuição elétrica também atingiu as cidades de Barquisimeto e Barinas, ambas no oeste do país.
Em Maracaibo, segunda maior cidade do país e capital do estado petrolífero de Zulia, moradores afirmaram que a energia está intermitente.
Já em Valencia, terceira maior cidade do país (que fica 120 km a oeste de Caracas) e em Puerto Ordaz, no sul, moradores afirmam que o fornecimento de energia segue normalmente.
O Ministério de Informações do regime Maduro disse que o apagão foi causado por um ataque a uma hidrelétrica, repetindo assim o que disse no apagão anterior, no início do mês.
Os apagões se tornaram cada vez mais frequentes no país devido à crise, e até mesmo regiões produtoras de petróleo, como Zulia, sofrem constantemente com a falta de luz.
O maior desses apagões começou no último dia 7 de março, quando grande parte do país ficou sem energia por até cem horas consecutivas. O fornecimento só foi completamente regularizado uma semana depois, no dia 14.
Na ocasião, escolas tiveram de cancelar suas aulas e empresas permitiram aos funcionários ficarem em casa. Moradores tiveram que cozinhar comida estocada nas geladeiras para impedir que elas estragassem e pacientes em hospitais também foram afetados.
Indiretamente, o apagão também afetou o Brasil, já que Roraima recebe parte de sua energia da Venezuela.
Com isso, usinas termelétricas foram acionadas no estado, o que deve levar a um aumento na conta de luz em todo o Brasil.
Maduro acusou os Estados Unidos de terem realizado ciberataques contra a infraestrutura elétrica do país, causando o apagão. O ditador afirmou ainda que a oposição teria sido cúmplice na ação, mas não apresentou provas.
O Ministério Público venezuelano, aliado de Maduro, abriu uma ação para investigar o líder opositor Juan Guaidó, acusado pelos chavistas de "sabotagem elétrica".
Guadó é presidente da Assembleia Nacional e foi reconhecido por mais de 50 países (incluindo Brasil e EUA) como presidente interino do país. Ele e o resto da oposição negam envolvimento no caso e dizem que a falta de investimentos do regime na infraestrutura é a maior causa dos apagões.
Nesta segunda, o opositor voltou a criticar o ditador. "O regime queima remédio e comida, não pode nem manter eletricidade, não há água", disse ele nas redes sociais.
Washington nega ter qualquer ligação com o apagão. Também nesta segunda, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, criticou o apoio que a Rússia dá a Maduro, mas sem citar a falta de energia.
A declaração foi dada após a revelação de que dois aviões com cerca de uma centena de militares russos pousaram em Caracas no fim de semana.
Pompeo ligou para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, para criticar a presença dos militares no país.
"O secretário [Pompeo] pediu à Rússia para parar com esse comportamento não-construtivo", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Palladino.
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