Brasileira vizinha de casa atingida em Israel é confortada por palestino

Após míssil atingir região próxima a Tel Aviv, Israel ataca a faixa de Gaza

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Tel Aviv | Reuters

A brasileira Irene Schwartzber, 67, está em choque. Ela acordou incrédula com as sirenes que alertam para queda de foguetes, às 5h20. Diz ter acreditado apenas quando ouviu um estrondo próximo.

Schwartzber mora no “moshav” (espécie de comunidade agrícola) Mishmoret, a três casas da família Wolf, cuja residência foi destruída por um projétil que atingiu região próxima de Tel Aviv nesta segunda (25).

“Moro aqui há 45 anos e nunca aconteceu uma coisa dessas! A casa tremeu toda. Um vidro quebrou”, contou Schwartzber, que nasceu em São Paulo mas vive em Israel há meio século.

Pela orientação das autoridades, ela deveria ter corrido em direção ao bunker público de sua rua, já que não tem o chamado “quarto protegido” em casa —espécie de cômodo com paredes reforçadas e janelas de aço que funcionam como abrigos antiaéreos.

Mas ela optou por checar se três de seus quatro filhos, que também moram em Mishmoret, em casas próximas à dela, estavam bem. Como ela, estavam todos muito assustados.

Soldados israelenses com um cachorro, próximo à fronteira com Gaza, ao sul de Israel
Soldados israelenses com um cachorro, próximo à fronteira com Gaza, ao sul de Israel - Reuters

A brasileira passou o dia atendendo telefonemas de parentes perguntando se ela estava bem e acompanhando a movimentação na rua, rapidamente inundada por bombeiros, paramédicos, soldados e jornalistas. Um dos telefonemas, no entanto, a emocionou.

Era um palestino de Gaza, com o qual trabalhou por 25 anos no negócio de flores para exportação que ela e o marido mantêm.

“Ele ligou para saber se estava tudo bem. Eu também costumo ligar para ele quando sei que há ataques em Gaza. Não são todos os palestinos que nos odeiam e vice-versa. Pelo contrário. Todos querem só a paz”, contou.

Outra brasileira também ouviu de perto o estrondo na região a nordeste de Tel Aviv, onde fica a comunidade afetada pela bomba. A recifense Kátia Pines, 61, funcionária da embaixada do Brasil em Tel Aviv, mora a 1 km de Mishmoret,

“Acordei com a sirene, mas pensei que era o alerta de alguma casa próxima”, diz.

Pines correu para o “quarto protegido” de sua casa (“por sorte fiz obras recentes e construí o quarto”), mas o marido ficou dormindo na cama. Só depois do fim da sirene é que ele acordou, pensando que tinha sonhado.

O lançamento de um foguete próximo a Tel Aviv nesta segunda (25) deixou sete feridos e uma casa destruída na cidade israelense. 

O Exército de Israel afirmou que o projétil foi disparado pelo grupo islâmico armado Hamas, a partir da faixa de Gaza, onde moram palestinos. Em resposta, a Força Aérea israelense deslanchou ataques aéreos contra alvos do Hamas em diversos locais de Gaza.

Fogo é visto em edifícios na cidade de Gaza, após ataques de Israel - Xinhua/Str

Após um dia de conflitos, os dois lados haviam concordado em um cessar-fogo mediado pelo Egito, segundo oficiais palestinos ouvidos pela agência de notícias Reuters. No entanto, novas sirenes antifoguete foram ouvidas em Israel após o anúncio do acordo.

A escalada da violência acontece a apenas duas semanas das eleições legislativas em Israel, nas quais o premiê Binyamin Netanyahu está em desvantagem frente a seu principal rival.

Os ataques fizeram com que Netanyahu encurtasse em um dia a viagem que fazia a Washington, em visita a Donald Trump.

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