Capital da Somália tem manhã de tiroteios após ataque terrorista a hotel

Explosões em Mogadício deixaram ao menos 30 mortos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mogadício | Reuters

Tiroteios ocorreram na manhã desta sexta (1º) no centro de Mogadício, capital da Somália. Forças especiais lutam para capturar terroristas escondidos perto de um hotel que foi atacado na noite de quinta (28). Os conflitos já deixaram ao menos 30 mortos.

Na noite de quinta, um carro-bomba explodiu e destruiu prédios numa área comercial de grande fluxo de pessoas em Mogadício.  "A explosão ocorreu em um centro de negócios cheio de hotéis, feiras, lojas e restaurantes", disse o major Mohamed Hussein.

Combatentes das forças especiais somalis são vistos ao lado de prédios destruídos
Combatentes das forças especiais somalis são vistos ao lado de prédios destruídos - Feisal Omar - 01.mar.19/REUTERS

​O grupo terrorista islâmico Al Shabaab assumiu a autoria do atentado. Membros do grupo terrorista detonaram uma bomba em frente ao hotel. Em seguida, foram para o prédio ao lado, de onde dispararam contra soldados que tentaram entrar. Outra bomba explodiu mais tarde a um quilômetro de distância.

"As explosões aconteceram à noite, e as equipes de resgate não tinham luzes ou equipamentos para ajudar a tirar os feridos dos escombros", disse Abdikadir Adem, diretor do serviço de ambulância Aamin.

"A cena é de medo... Em magnitude, é semelhante ao atentado de 14 de outubro", disse ele, referindo-se a um caminhão bomba que matou mais de 500 pessoas na cidade em 2017. "O número de mortos pode subir e subir."​

Foi uma das explosões mais significantes em Mogadício em anos recentes, segundo autoridades locais. Equipes de resgate disseram que o número de mortos da primeira explosão, que destruiu vários edifícios, pode aumentar.

O ataque, em um hotel popular entre funcionários públicos, é a estratégia usada pelo Al Shabaab para atingir o governo, dias depois que as forças dos EUA na Somália intensificaram ataques aéreos contra o grupo, que luta para acabar com um governo apoiado pelo Ocidente e protegido por forças de paz da União Africana.

A Somália sofre com insegurança e atentados terroristas desde 1991. O governo tenta assegurar o controle sobre as áreas rurais pobres, dominadas pelo grupo terrorista islâmico Al Shabaab. 

Conflitos e insegurança forçaram 320 mil pessoas a fugirem de suas casas no ano passado —um aumento de quase 60% em relação a 2017—, segundo agências humanitárias.

A violência —juntamente a secas e inundações ao longo dos anos— levou mais de 2,3 milhões de pessoas a procurar abrigo em outras partes do país, muitas vezes em campos de refugiados lotados.

"O conflito está piorando para os civis, deixando milhares de desabrigados. Se essa tendência preocupante continuar, isso pode levar à catástrofe", disse Evelyn Aero, assessora regional do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC).

"Eles são vulneráveis ​a malária, despejos, insegurança e violência baseada em gênero. As crianças pequenas sofrem com desnutrição. Elas precisam urgentemente de mais ajuda para sobreviver", acrescentou Aero.

Dados da ONU mostram um número crescente de pessoas deslocadas pelo conflito na Somália nos últimos três anos, em grande parte devido à violência na região sul de Lower Shabelle.

Em 2016, 175 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Em 2017, eram 200 mil pessoas deslocadas.

Outro problema no país é a violência de gênero. Os estupros de mulheres são comuns. No domingo (24), Aisha Ilyes Aden, uma garota de 12 anos, foi sequestrada em um mercado na cidade de Galkayo. Seu corpo foi encontrado na manhã seguinte, perto de sua casa. Segundo a polícia, ela foi estuprada por gangues e estrangulada até a morte.

Quatro homens foram presos. O assassinato provocou revolta na nação conservadora do leste africano, onde o estupro é estigmatizado e as vítimas são tradicionalmente forçadas a se casar com seus agressores.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.