Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Dependência da China foi principal tema de jantar de Bolsonaro nos EUA

Ala do governo defende coordenação Brasil-EUA no setor agrícola para contrapor peso chinês

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Washington

A ameaça estratégica representada pela China e a necessidade de reduzir a co-dependência com o gigante asiático foi um dos principais assuntos do jantar para o presidente Jair Bolsonaro na residência do embaixador do Brasil em Washington.

Segundo a Folha apurou, o ex-estrategista de Donald Trump Steve Bannon discorreu longamente sobre a necessidade de reduzir a “co-dependência” da China e como administrar a relação com Pequim de modo a proteger os interesses nacionais brasileiros.

Presidente Bolsonaro discursa durante jantar em Washington, nos Estados Unidos; ao seu lado, o escritor Olavo de Carvalho
Presidente Bolsonaro discursa durante jantar em Washington, nos Estados Unidos; ao seu lado, o escritor Olavo de Carvalho - Alan Santos/Presidência da República

Uma das ideias abraçadas por uma ala do governo é uma aliança entre Brasil e EUA para coordenar a produção agrícola e ganhar alavancagem em seu poder de negociação com o mundo.

O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e o ideólogo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, são dois dos maiores defensores de uma redução de exposição à China.

Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, está em sintonia com as queixas dos produtores agrícolas e organiza uma missão para a China no início de maio, com o objetivo de aumentar o número de estabelecimentos que podem exportar carne bovina, suína e frango para os chineses, além de aumentar a pauta exportadora para o país.

No jantar, Tereza ressaltou a importância das exportações agrícolas do Brasil para a China —o país asiático absorve cerca de 35% das vendas externas de produtos agrícolas do Brasil. O embaixador Sergio Amaral foi na mesma linha.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ouviu atento às observações de Bannon e teria concordado em parte.

Bannon teria dito que os chineses veem o Brasil da mesma forma que enxergam a Austrália e que o país está se tornando muito vulnerável à Pequim.

Esses temores estão em linha com as preocupações do governo americano sobre a expansão chinesa e o avanço tecnológico do país, principalmente com a Huawei na rede 5G —além dos problemas de segurança e da possibilidade de espionagem.

Autoridades americanas vêm falando com o governo brasileiro sobre isso.

Bannon também abordou a falta de liberdade religiosa na China e o programa de investimentos chinês Belt and Road.

As grandes prioridades da política externa brasileira no momento, na visão da cúpula do Itamaraty e de olavistas, seriam a entrada na OCDE, o clube dos países ricos; ganhar o status de membro afiliado da Otan e evitar uma relação co-dependente da China.

O entendimento é que, a longo prazo, seria mais inteligente uma maior aproximação com Coreia do Sul e Japão do que com Pequim.

Produtores agrícolas vinham se queixando da posição anti-China do Itamaraty após o chanceler Ernesto Araújo afirmar que o Brasil não vai vender sua alma para exportar minério de ferro e soja e questionar se a relação com o país é benéfica para o Brasil.

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