Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Em encontro bilateral, Bolsonaro e Abdo defendem alianças comerciais e criticam Maduro

Revisão de cláusulas financeiras envolvendo a usina de Itaipu foi um dos temas tratados

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Brasília

Em encontro no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro e sua contraparte paraguaio, Mario Abdo, discutiram nesta terça-feira (12) a revisão de cláusulas financeiras envolvendo a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu e a construção de pontes que vão ligar os dois países na região de Foz do Iguaçu. 

Os dois tiveram um encontro reservado na manhã desta terça e depois participaram de uma reunião estendida, com a presença de ministros dos dois países.

Após a conversa, eles deram declarações à imprensa exaltando a importância das relações comerciais entre os vizinhos.

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, durante declaração à imprensa após reunião bilateral, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

"O Paraguai tem uma economia que se complementa com a economia brasileira, como países que possamos desenvolver mutuamente gerando produtividade", afirmou o paraguaio.

Já Bolsonaro, disse que "se Deus quiser", visitará o Paraguai para inauguração "de uma das pontes que construiremos juntos melhorando a relação comercial".

Os dois não deram detalhes sobre a revisão de cláusulas financeiras de um contrato da Usina de Itaipu, que vence em 2023. 

Entre os temas tratados estão, a construção de pontes que unem os dois países, acordos comerciais e de combate à corrupção e o apoio a Juan Guaidó.

Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Guaidó se autoproclamou presidente do país e busca apoio dos EUA e de países latino-americanos para por fim ao governo do ditador Nicolás Maduro.  

Abdo reforçou em sua fala a importância de defesa de valores como liberdade e democracia e se referiu em especial à situação da Venezuela. 

"A defesa de valores e princípios e da defesa da democracia é que é o grande desafio da liderança que hoje está à frente da condução dos nossos povos", afirmou. 

Bolsonaro chamou o presidente paraguaio de "meu irmão Marito" e disse que eles têm muitas coisas em comum.

Além de comandarem governos de direita e pautas conservadoras, os dois compartilham de formação militar. Ambos são paraquedistas e egressos das Forças Armadas.

"Meu irmão Marito, temos muita coisa em comum: a política e também no tocante a costumes, valores familiares, a queremos o Brasil e o Paraguai fortes e pujantes e estamos tratando de questões de interesses dos nossos países para que juntos possamos sim progredir e trazer felicidade para nossos povos."

Bolsonaro disse ainda que, além de Itaipu, os dois países vão discutir o combate ao crime organizado, a questão de exilados e disse que o Brasil "não dará asilo para terroristas ou qualquer outro bandido escondido aqui como refugiado político".

Nos últimos anos, o país vizinho tem solicitado a revisão de asilo concedido a três paraguaios que se refugiaram no Brasil.. Até o momento, o governo brasileiro tem negado o pedido.

Segundo Bolsonaro, a situação dos três refugiados será reanalisada pelo Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) e uma resposta deve ser dada em cerca de dois meses. 

Ele ressaltou que surgiram suspeitas de ligação deles com o Exército do Povo Paraguaio (EPP), guerrilha que defende o direito à terra e usa os sequestros para chamar atenção à sua causa.

"Três paraguaios receberam refúgio no Brasil em 2003 e o Paraguai fez um pedido de revisão. Esse pedido já foi feito em anos anteriores e foi negado. Há um novo pedido de revisão e ele está sendo processado", disse o ministro da Justiça, Sergio Moro.

De acordo com ele, o Paraguai argumenta que o refugio foi indevidamente concedido porque os três refugiados  "teriam cometido crime comum".

O Itamaraty informou ainda que Bolsonaro agradeceu o empenho do Paraguai em dar maior celeridade aos trâmites de expulsão daquele país de criminosos brasileiros de alta periculosidade e de sua entrega à Polícia Federal brasileira.

​Na próxima semana, eles devem ter um novo encontro em Santiago, no Chile, para discutir a criação do Prosul, organismo internacional para se contrapor à Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e isolar ainda mais o regime de Maduro na região.

O encontro contará com a participação de outros presidentes sul-americanos. 

A cúpula do Prosul foi convocada pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, e está programada para 22 de março, em Santiago. 

A criação do órgão é uma ideia encabeçada por Piñera, que ainda em janeiro convidou Bolsonaro a se incorporar ao grupo. Outro defensor da proposta é o presidente da Colômbia, Iván Duque.

A proposta chilena —que agrada o Brasil— é que o Prosul seja um órgão flexível, sem sede nem orçamento. A Presidência do fórum seria revezada entre os países membros a cada ano.

Com a criação do órgão, a Unasul, criada em 2008 por expoentes da esquerda na América do Sul —os ex-presidentes Lula, Hugo Chávez (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina)—, ficaria esvaziada.

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