Descrição de chapéu Venezuela

Maduro ordena transferência de escritório europeu de petrolífera venezuelana para Moscou

EUA anunciam sanções contra militares que barraram entrada de suprimentos

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Moscou e Washington | AFP

A Rússia, aliada do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, prometeu nesta sexta-feira (1º) continuar com sua ajuda humanitária à Venezuela, enviando especialmente medicamentos.

"A Rússia continuará ajudando as autoridades da Venezuela a resolver as dificuldades econômicas e sociais, inclusive mediante a concessão de ajuda humanitária legítima", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguéi Lavrov, após encontro com a vice-presidente Delcy Rodríguez. 

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez, em Moscou
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez, em Moscou - Kirill Kudryavtsev - 1.MAR.19/AFP

Em sua visita a Moscou, a vice-presidente venezuelana afirmou que "Maduro instruiu que o escritório de petróleo da Venezuela na Europa, que se encontra em Lisboa, seja transferido a Moscou".

"É uma forma de garantir nossa cooperação", afirmou.

​Delcy Rodríguez reiterou seu "agradecimento ao presidente Putin [...] e ao povo russo por todo o apoio". 

"Maduro deu instruções muito claras de que o povo da Venezuela precisa de alimentos, e que serão adquiridos da Rússia", acrescentou.

Lavrov disse que a Rússia enviou "um primeiro lote de 7,5 toneladas de medicamentos" com destino à Venezuela. Moscou estuda um novo envio de remédios, pedido por Caracas, nos ​próximos dias.

"Recebemos uma lista suplementar de medicamentos que o governo venezuelano desejaria obter. Estamos examinando-a, esclarecendo os detalhes e verificando os detalhes logísticos", afirmou o ministro.

Lavrov disse que a Rússia realiza "envios maciços de trigo" à Venezuela "que ajudam enormemente o governo venezuelano a superar os desafios humanitários atuais".

Rússia tem interesses econômicos e estratégicos no país de Maduro. O governo de Vladimir Putin estabeleceu laços militares já na época do antecessor do ditador, Hugo Chávez, e os mais eficazes equipamentos bélicos venezuelanos são de origem russa.

Moscou investiu e se tornou sócia da indústria de hidrocarbonetos do país, que tem algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. Além disso, interessava a Putin manter um pé no "quintal" geopolítico dos EUA.

A preocupação é tanta que o Comando Sul das Forças Armadas americanas elenca a presença de Rússia e China na Venezuela como um dos maiores riscos para os interesses de Washington na região. A eleição de Jair Bolsonaro no Brasil trouxe mais um aliado de peso regional para a esfera americana, que contava até então com a Colômbia para enfrentar Maduro.

Também nesta sexta-feira (1º), os Estados Unidos anunciaram sanções contra seis comandantes da área de segurança da Venezuela leais a Maduro por obstruir a entrada de ajuda humanitária ao país no sábado (23).

"Estamos sancionando os membros das forças de segurança de Maduro em resposta à violência repreensível, às mortes trágicas, e à queima desnecessária de alimentos e medicamentos destinados aos venezuelanos que passam fome e estão doentes", declarou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em comunicado. 

Entre os sancionados estão o comandante da Guarda Nacional Bolivariana, o major general Richard Jesús López Vargas; assim como Jesús María Mantilla Oliveros, comandante de uma unidade encarregada por Maduro para reforçar a segurança na fronteira com o Brasil.

As medidas também afetam os chefes de Defesa nos estados Bolívar, fronteiriço com o Brasil, general Alberto Mirtiliano Bermúdez Valderrey; e Táchira, limítrofe com a Colômbia, José Leonardo Noroño Torres.  O anúncio não especificou quais punições foram aplicadas.

As sanções congelam quaisquer ativos que essas pessoas possam ter nos Estados Unidos e as proíbem de realizar qualquer transação financeira com indivíduos ou entidades americanas.

A Venezuela enfrenta a pior crise política e econômica de sua história, marcada pela hiperinflação e a escassez de produtos de primeira necessidade, o que levou à emigração de mais de 2,7 milhões de pessoas para países da região.

Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, disse que a ajuda humanitária enviada pelos EUA deverá entrar no país "sim ou sim", mas não conseguiu viabilizar o que prometeu no sábado (23). Seu plano fracassou diante da resistência das forças leais a Maduro. A ajuda entraria pelas fronteiras com a Colômbia e o Brasil, fechadas do lado venezuelano.

Maduro considera a entrada dessa ajuda uma tentativa de intervenção militar por parte dos Estados Unidos. "A Venezuela não precisa de uma intervenção militar [...] nem dos Estados Unidos nem de ninguém, nós precisamos de paz, estabilidade e tranquilidade", declarou Delcy Rodríguez.

Lavrov considerou "inadmissível a politização do assunto da ajuda humanitária" e estimou que essa questão devia ser solucionada "por meio de práticas internacionais e não servir de pretexto para uma manipulação da opinião pública, mobilização das forças antigovernamentais e para justificar propósitos intervencionistas".

O ministro russo também garantiu a Delcy Rodríguez a "solidariedade" de Vladimir Putin a Nicolás Maduro, frente a "um ataque frontal em seus assuntos internos" pelos países ocidentais, que reconheceram Juan Guaidó.

Enquanto isso, uma porta-voz da União Europeia (UE) assegurou que o Grupo de Contato Internacional (GCI) para a Venezuela explora as formas de "entregar uma ajuda despolitizada" e que considera importante "trabalhar com outros parceiros humanitários internacionais, em particular a ONU" com este fim. O GCI se reunirá novamente no final de março na América Latina. 

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