O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse ao chanceler russo em Washington que os Estados Unidos não “assistiriam impassivos” enquanto a Rússia fornece apoio ao ditador Nicolás Maduro na Venezuela.
No último sábado (23), dois aviões da aeronáutica russa tripulados com uma centena de militares pousaram em Caracas.
Um avião de passageiros Ilyushin IL-62 e um cargueiro militar Antonov AN-124 levaram uma autoridade de defesa russa e quase cem soldados ao país, segundo informações das agências de notícias.
Se confirmada, a presença das aeronaves comprovaria uma aproximação entre Moscou e Caracas.
Um dos aviões, com a bandeira russa, estaria sob vigilância da Guarda Nacional.
Um site de rastreamento de voos mostrou que as aeronaves partiram de um aeroporto militar russo, na sexta (22), rumo a Caracas. Um deles, o de carga, já deixou a Venezuela neste domingo (24).
O general Vasily Tonkoshkurov, diretor do alto comando das Forças Armadas russas —além de uma carga de cerca de 35 toneladas de equipamentos militares--, estava a bordo de uma das aeronaves.
O comunicado de Washington não mencionou as aeronaves mas condenou o apoio militar russo ao “regime ilegítimo de Nicolás Maduro”.
“O secretário [Mike Pompeo] exortou a Rússia a cessar seu comportamento desconstrutivo” disse o porta-voz da chancelaria americana Robert Palladino.
Pompeo também teria instado os russos a se juntarem aos EUA e aos países da região em seu apoio ao líder oposicionista Juan Guaidó.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, William Castillo, escreveu em uma rede social que o posicionamento de Pompeo seria ridículo. “‘Comportamento desconstrutivo’ é roubar os recursos da Venezuela para financiar terroristas corruptos como Guaidó”.
Segundo a emissora Bloomberg, o pouso das duas aeronaves faz parte de um acordo de longa data de cooperação militar entre Rússia e Venezuela. O propósito da visita seria prestar serviços de manutenção em equipamento militar russo adquirido por Caracas.
Os Estados Unidos acreditam que cerca de cem militares russos desembarcaram mas o número daqueles que teriam permanecido no país é desconhecido.
O senador americano Marco Rubio escreveu em uma rede social que o envio de tropas russas à Venezuela era um “desafio direto aos interesses nacionais [dos EUA] e constituiu uma ameaça direta à nossa segurança”.
A Rússia já alertou os EUA e seus aliados regionais sobre sua posição contrária a uma intervenção militar na Venezuela.
Em 2017, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que a “opção militar” não estava descartada no caso da Venezuela —seus assessores têm minimizado a declaração deste então.
Em sua visita ao Chile na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro negou que o Brasil apoiasse qualquer tipo de ação militar na Venezuela.
A possibilidade de uma intervenção enfrenta resistência na ala militar do governo brasileiro, que é contrária a qualquer ação que extrapole a ajuda humanitária na fronteira.
Em entrevista divulgada na sexta (22), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, disse que para tirar Maduro do poder “de alguma maneira vai ser necessário o uso da força”.
A declaração foi dada ao jornal chileno La Tercera.
Mais tarde, Eduardo recuou. Disse que, ao se referir ao "uso da força" durante a entrevista ao jornal chileno, estava "comentando a mensagem de Trump, que diz que todas as cartas estão sobre a mesa".
"Mas o Brasil não pensa nisso. O presidente e os generais que estão a cargo disso dizem que a intervenção militar não é uma opção."
O regime de Maduro conta com o apoio diplomático da Rússia, da China e de Cuba.
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