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Guaidó volta à Venezuela de maneira pacífica e discursa para multidão em Caracas

Líder oposicionista corria risco de ser preso; ele convocou novas manifestações para sábado

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O líder oposicionista Juan Guaidó cumprimenta apoiadores durante protesto contra Maduro em Caracas
O líder oposicionista Juan Guaidó cumprimenta apoiadores durante protesto contra Maduro em Caracas - Manaure Quintero/Reuters
 
Caracas | AFP

O líder oposicionista Juan Guaidó desembarcou sem incidentes no aeroporto internacional Simón Bolívar, localizado próximo a Caracas, nesta segunda-feira (4), depois de dez dias fora da Venezuela.

Guaidó avisou em suas redes sociais que ele e sua mulher, Fabiana Rosales, chegaram ao país “como cidadãos livres”. “E que ninguém nos diga o contrário”, acrescentou.

O regresso de Guaidó colocou o regime de Maduro em um dilema: caso o prendam, podem desatar forte reação internacional e interna. Se o deixam livre, evidenciam fragilidade para reprimir o oposicionista.

Reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo Brasil e EUA, Guaidó deixou a Venezuela no último dia 22 para participar de um festival organizado pela oposição na cidade colombiana de Cúcuta. O evento buscava apoio para a tentativa de entrada de ajuda humanitária na Venezuela.

Guaidó passou a última semana visitando países sul-americanos para angariar apoio contra a ditadura de Nicolás Maduro. No domingo (3), anunciou que retornaria ao país —sem dizer como. Voltou à Venezuela em um voo comercial a partir de Bogotá, com escala no Panamá.

Segundo um vídeo que circula nas redes sociais, Guaidó pegou o intercomunicador do avião durante o voo e disse: “Sem dúvida alguma vamos recuperar nossa democracia e nossa liberdade (...) Podemos ou não podemos?”, pergunta. “Sim, podemos”, responderam os passageiros.

Com as contas bloqueadas e proibido de sair do país pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), alinhado a Maduro, ele enfrentava a possibilidade de ser preso ao voltar à Venezuela, o que não ocorreu.

Estavam presentes na área de desembarque representantes diplomáticos de Alemanha, Holanda, Espanha, França e Chile.

Em seguida, Guaidó se dirigiu à praça Alfredo Sadel, no bairro de Las Mercedes, em Caracas, e discursou para uma multidão de apoiadores. No domingo (3), ele havia convocado protestos para esta segunda e terça de Carnaval.

“A esperança nasceu e não vai morrer”, disse. “Vamos celebrar esta pequena vitória hoje.” O opositor disse que o povo não pode abandonar as ruas “em busca de sua liberdade” e agendou novas manifestações para sábado (9).

Guaidó afirmou ainda que fará um “importante anúncio” para os funcionários públicos do país na terça-feira (5), quando convocará uma reunião com sindicatos do país. Historicamente, os funcionários públicos são pressionados pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, de Maduro, a participar de manifestações pró-regime.

Por fim, o oposicionista pediu a membros das Forças Armadas bolivarianas, aliadas de Maduro, que detenham os coletivos armados que atuaram contra o ingresso de ajuda humanitária em 23/2.

Junto à multidão, cantou o hino nacional e afirmou que “não será por meio da ameaça que vão nos deter”. 

A certa altura, subiu num andaime de sustentação do palco, como em shows de bandas de rock, e saudou os apoiadores. Ele ainda mostrou, triunfante, seu passaporte.

Depois do comício, dirigiu-se para a sua residência. Guaidó tem uma filha de 22 meses, que ficou com a avó de sua mulher enquanto estava fora do país.

Antes de voltar à Venezuela, o oposicionista estava em Salinas, onde se encontrou com o presidente equatoriano, Lenín Moreno. No périplo sul-americano, ainda passou por Paraguai, Argentina, Brasil e Colômbia.

O ditador Nicolás Maduro já declarou que Guaidó “pode sair e voltar, mas terá de dar explicações à Justiça, porque foi proibido de deixar o país”.

Segundo o oposicionista, para atravessar a fronteira e chegar a Cúcuta, recebeu ajuda de militares venezuelanos.

O TSJ impôs a proibição após Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, declarar-se em janeiro presidente interino da Venezuela, argumentando que a presidência foi “usurpada por Maduro”.

O ditador venezuelano foi reeleito em 2018 em eleições consideradas fraudulentas, boicotada por grande parte da oposição e sem a presença de observadores internacionais.

Maduro diz que Guaidó quer fomentar um golpe apoiado pelos Estados Unidos e que a tentativa de entrada de ajuda humanitária seria um cavalo de Troia para uma intervenção militar norte-americana.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, comemorou o retorno de Guaidó.

“Os Estados Unidos celebram o povo da Venezuela por suas ações para criar uma transição democrática pacífica e cumprimentam o presidente interino, Juan Guaidó, por seus esforços diplomáticos bem-sucedidos na região”, afirmou, em comunicado.

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