Justiça dos EUA não denuncia policiais que mataram negro que levava um celular

Aparelho foi confundido com uma arma; decisão levou a protestos na Califórnia

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Sacramento (EUA) | AFP

O secretário de Justiça da Califórnia, Xavier Becerra, anunciou nesta terça-feira (5) que não irá apresentar denúncia contra os policiais que mataram a tiros um jovem negro na Califórnia ao confundirem o celular dele com uma arma de fogo, um ano atrás. A conclusão faz parte de um relatório da secretaria divulgado na tarde desta terça.

Manifestantes do grupo Black Lives Matter fazem protesto em Sacramento contra a decisão da Justiça de não denunciar policiais que mataram Stephon Clark um ano atrás.
Manifestantes do grupo Black Lives Matter fazem protesto em Sacramento contra a decisão da Justiça de não denunciar policiais que mataram Stephon Clark um ano atrás. - Justin Sullivan/AFP

A decisão deve causar mais protestos na cidade de Sacramento, que tem sido palco de diversas manifestações desde sábado, quando a promotora do condado de Sacramento, Anne Marie Schubert, anunciou que os policiais que atiraram em Stephon Clark em março de 2018  não seriam denunciados. Segundo ela, eles  "tinham uma crença plausível e sincera de que estavam em perigo iminente de morte ou lesão", de modo que a sua reação foi "legal". 

Desde sábado, ativistas fizeram protestos em frente à delegacia central de polícia, levaram ao fechamento do maior shopping center da cidade, e conduziram uma marcha na segunda-feira que resultou em 84 prisões.

​"Sem justiça, não há paz. Parem de proteger os porcos", "#YoSoyStephonClark", "Acusem os policiais", eram os dizeres nos cartazes do fim de semana. 

“Nossa investigação concluiu que não se pode apresentar uma denúncia contra os policiais envlvidos”, disse Becerra.

Clark, de 22 anos e pai de dois filhos, foi baleado 20 vezes no quintal de sua casa, em 18 de março de 2018.

A polícia respondeu a um chamado aos serviços de emergência sobre um homem que havia quebrado janelas de carros na área e considerou Clark o principal suspeito.

Em vídeos gravados de um helicóptero e por meio das câmeras nos uniformes dos policiais, é possível ver o jovem correndo e buscando abrigo na casa de seus avós, onde morava. 

Os policiais gritam: "Mostre suas mãos!", e imediatamente seguem: "Arma, arma, arma!". Então eles dispararam 20 vezes. Ao revisar o corpo, os agentes só encontraram um celular iPhone. 

O caso gerou uma onda de protestos em Sacramento, que bloquearam avenidas, e cerca de 500 pessoas compareceram ao funeral. 

"A morte de Stephon Clark foi uma tragédia que teve um impacto devastador em sua família e em nossa comunidade", disse Schubert em seu relato. "Um jovem perdeu a vida" e "nenhuma decisão ou relatório irá restaurar a vida de Stephon Clark". 

"O fato de um indiciamento criminal não ser apropriado neste caso em nada diminui a frustração e raiva que muitos de nossa comunidade têm manifestado desde a sua morte. Aqueles que levantaram suas vozes merecem ser ouvidos".

Os negros representam a grande maioria dos civis mortos por policiais, que muitas vezes não são denunciados pela Justiça.

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