O presidente Jair Bolsonaro escolheu o diplomata Luis Fernando Serra para o cargo de embaixador do Brasil na França, um dos postos mais prestigiados do Itamaraty.
A informação foi confirmada pelo próprio Serra ao deixar o Palácio do Planalto no fim da manhã desta segunda-feira (25).
"O agrément foi pedido na semana passada ao governo francês, que vai analisar o meu currículo e a oportunidade de me ter como embaixador do Brasil na França. Isso leva um tempo e, se aprovado, aí haverá a etapa seguinte que é a sabatina no Senado Federal", disse Serra.
Agrément é o nome usado pela diplomacia para o consentimento de um Estado para que um diplomata estrangeiro seja nomeado para ocupar funções em seu território.
Serra é formado em direito e ingressou no Itamaraty em 1972, no curso preparatório da diplomacia no Instituto Rio Branco.
Ele chegou a ser cotado para chefiar o Ministério das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, mas o cargo acabou sendo assumido pelo atual chanceler, Ernesto Araújo. O atual embaixador do Brasil na França é Paulo Cesar de Oliveira Campos.
Após a aceitação do governo francês, ainda é necessário que Serra seja submetido a uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado e, posteriormente, sua indicação deve ser validada pelo plenário da Casa.
Serra afirmou que a França deve ampliar os próximos anos seu papel de destaque na Europa, especialmente se a chanceler alemã, Angela Merkel, se aposentar —ela já anunciou que não disputará as próximas eleições, que devem ocorrer em 2021.
Questionado sobre quais serão suas prioridades caso a indicação se confirme, ele disse que atuará para seguir atraindo investimentos franceses.
"A França, é bom que se diga, investiu tanto no Brasil quanto na China. E é difícil ver outro país europeu que tenha feito igual. Então isso tem que ser incrementado, sustentado, para o bem dos dois países, evidentemente. A França criou aqui 1,5 milhão de empregos e nós queremos que a França crie mais, para ver se reduzimos essa taxa de desocupação, desemprego que existe aqui. Enfim, a França pode colaborar nisso, e muito, como já tem feito", disse.
Serra se tornou próximo a Bolsonaro quando o recepcionou em Seul, na Coreia do Sul, em fevereiro de 2018, quando o atual presidente ainda era deputado federal e pré-candidato.
O embaixador disse concordar com a visão de gestão do presidente e agradeceu por ter sido recebido por um dirigente brasileiro pela primeira vez em 47 anos de carreira.
A missão diplomática na França faz parte de uma lista de 15 embaixadas cujos titulares Bolsonaro pretende substituir em breve.
Em um café com jornalistas em 13 de março, o mandatário justificou as trocas com o argumento de que a imagem do Brasil no exterior está sendo vendida "de maneira ruim". "Não sou ditador, homofóbico, racista", afirmou o presidente à época.
Na semana passada, o chanceler Ernesto Araújo disse que os novos embaixadores dessas 15 missões deverão ser diplomatas de carreira.
Araújo afirmou também que não faz parte dessa lista a embaixada do Brasil em Washington, o mais importante posto diplomático que Bolsonaro deverá indicar.
Em tese, a declaração de Araújo abre as portas para que uma pessoa de fora do Itamaraty seja nomeado ao cargo, embora hoje o principal cotado seja Nestor Forster, o diplomata que apresentou Araújo ao escritor Olavo de Carvalho, guru ideológico do governo e responsável pela indicação do nome de Araújo para comandar o Itamaraty.
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