Descrição de chapéu Venezuela

Ministro da Defesa diz que não discutiu com EUA ação militar na Venezuela

Após reunião com secretário de Segurança Nacional de Trump, brasileiro falou em 'solução pacífica'

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Washington

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, afirmou nesta terça-feira (26) que não discutiu uma ação militar na Venezuela —nem o possível apoio logístico brasileiro para qualquer investida nesse sentido— com o secretário de Segurança Nacional do governo Donald Trump, John Bolton.

O ministro se reuniu por mais de uma hora com Bolton na Casa Branca para debater a crise venezuelana e outros temas e, após o encontro, reforçou a retórica da ala militar do governo brasileiro de que é preciso encontrar uma "solução pacífica" para o país sul-americano.

"As Forças Armadas brasileiras, no meu pensamento, esperam ter uma solução pacífica em relação à Venezuela. Mas que se resolva isso, porque estamos há mais de um ano com a Operação Acolhida na fronteira", afirmou o ministro após a reunião. 

O presidente Jair Bolsonaro já deu declarações diversas sobre uma possível ação militar na Venezuela — rejeitada pela ala militar de seu governo. Após encontro com Trump, em Washington, na semana passada, o presidente brasileiro afirmou que vai atuar "com diplomacia até as últimas consequências" diante da crise do país vizinho, mas não negou enfaticamente a possibilidade de apoiar os EUA em uma ação militar.

Dias depois, no Chile, Bolsonaro negou o apoio do Brasil a uma eventual intervenção —depois de seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ter dito em entrevista a um jornal chileno que, para tirar o ditador Nicolás Maduro do poder, poderia ser necessário "o uso da força". Eduardo estava na reunião bilateral entre Trump e Bolsonaro.

Questionado por jornalistas se ambos haviam discutido uma ação militar na Venezuela ou o possível apoio logístico do governo Bolsonaro a essa eventual intervenção, o ministro da Defesa negou as duas frentes e disse que, na sua avaliação, a logística já é a ação humanitária que vem sendo desenvolvida na fronteira.

"Não comentamos sobre apoio logístico. Eu lembrei para ele a nossa Operação Acolhida, que é pouco divulgada, mas a própria ONU acha o cartão de visitas de uma ajuda humanitária. Nós estamos lá há mais de um ano, são 600 militares envolvidos nisso. É bom de ver como acolhemos o povo venezuelano, com atendimento médico, alimentação, com materiais. Essa logística nós já fazemos, estamos presentes na fronteira", declarou.

O chefe das Forças Armadas brasileiras minimizou ainda o status concedido ao Brasil pelos EUA de grande aliado extra-Otan. Segundo o ministro, não é privilégio do Brasil estar nessa posição, ocupada por outras nações, como a Argentina. Para ele, isso significa, basicamente, uma facilidade burocrática para a compra de armamentos e equipamentos americanos.

"Vendo assim parece que o Brasil vai ser privilegiado em relação a isso, não é. Então o Brasil será mais um parceiro, parceiro preferencial não Otan. Isso é um alinhamento que está sendo feito, mas é uma regulamentação de praxe. Mas que nos envaidece muito", completou.

O ministro, após a reunião com Bolton, seguiu para um almoço na residência do embaixador do Brasil nos EUA, Sérgio Amaral, com adidos militares, além de autoridades americanas e brasileiras, uma delas a secretária-adjunta de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Kim Breier.

Azevedo e Silva também encontrou com o secretário de Defesa americano, Patrick Shananah, e, na quinta (28), segue para Nova York, onde participa da Conferência de Ministros da Defesa na ONU.

Em Washington, ele também assinou o acordo de salvaguardas tecnológicas, anunciado entre Brasil e EUA durante a visita de Bolsonaro —na qual o general não esteve presente. O documento ainda precisava da assinatura do ministro. 

O trato vai permitir o uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão, para lançamento de satélites.

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