Descrição de chapéu Venezuela Governo Bolsonaro

Mourão propõe encontro com Maduro em 'território neutro'

Vice-presidente defende diálogo sobre transição com o ditador venezuelano

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Brasília | Reuters

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta sexta-feira (1º) a abertura de diálogo com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, para que se faça uma transição no país.

Mourão foi questionado sobre uma fala do presidente Jair Bolsonaro que, em café da manhã na quinta-feira (28) com alguns jornalistas, teria cogitado a hipótese de se encontrar com Maduro em "território neutro" para tratar de sua saída do poder.

Hamilton Mourao dá entrevista coletiva, depois do encontro do Grupo de Lima em Bogotá
Hamilton Mourao dá entrevista coletiva, depois do encontro do Grupo de Lima em Bogotá - Luisa Gonzalez - 27.fev.19/REUTERS

"Alguém tem que conversar, né? Trump não foi conversar com Kim Jong-un?", disse.

A ausência de canais internacionais de contato com o regime Maduro e com os militares da Venezuela dificulta a resolução da crise com o país, segundo o vice-presidente .

O general da reserva, que assumiu protagonismo nas negociações com o grupo que faz pressão pela queda do ditador venezuelano, disse que o impasse na região deve se aprofundar.

"Isso aí é um castelo de cartas. Tem que puxar a carta correta. Quando puxar aquela carta, esse castelo vai desabar", afirmou o vice-presidente à Folha.

Mourão acrescentou, no entanto, que não houve nenhum contato prévio com o governo venezuelano e ressaltou que, ao tratar do tema, Bolsonaro estava respondendo uma pergunta e era apenas algo hipotético.

Mais cedo, ao sair de um encontro com o próprio Mourão, o chanceler Ernesto Araújo afirmou que não havia negociações com Maduro e nenhuma perspectiva concreta de mudança no país ao vizinho. No entanto, ao contrário de Mourão, afirmou que o Brasil não admitia negociações com o governo venezuelano.

“Qualquer diálogo tem de ser entre eles. Nós não queremos colocar no mesmo pé o regime que consideramos legítimo e o de Maduro”, disse Araújo. “Se outros países quiserem intermediar ou interferir nesse diálogo não nos parece que seja o caminho.”

Mourão defende que a OEA (Organização dos Estados Americanos) seja esse canal de conversação com o regime venezuelano. "É uma situação complicada, aquilo ali. Não é algo que se resolva num estalar de dedos. Tem de abrir algum canal, com Maduro, com as Forças Armadas. Algum canal tinha de ser aberto", afirmou.

O chanceler defendeu que a visita de Guaidó foi um sucesso e serviu para o Brasil mostrar que considera o autoproclamado presidente interinouma alternativa séria de poder na Venezuela. 

“Nosso próximo passo é o reforço do governo Guaidó, é com eles que nós falamos", disse Araújo, acrescentando que "no momento não tem articulação" para intermediação.

Questionado sobre a possibilidade de envolver países como China e Rússia, que ainda apoiam Maduro, Araújo afirmou que já existe uma articulação no Grupo de Lima com “diferentes atores internacionais”, inclusive os dois países.

O chanceler brasileiro avaliou que seria um “absurdo completo” se Guaidó for preso ao voltar a Caracas, como ameaça Maduro, e disse que espera que isso não aconteça. Uma reação, no entanto, dependeria de articulação com o grupo de Lima.

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