O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, que enfrenta há duas semanas protestos inéditos em 20 anos de poder, anunciou nesta segunda-feira (11) que vai desistir de disputar um quinto mandato.
Bouteflika anunciou ainda o adiamento da eleição presidencial, prevista para 18 de abril.
Em uma mensagem à nação, publicada pela agência oficial APS, o presidente argelino afirmou que a eleição será realizada após uma conferência nacional encarregada de reformar o sistema político e preparar um projeto de Constituição até o final de 2019.
Bouteflika retornou à Argélia no domingo (10) depois de duas semanas de internação na Suíça para "exames médicos de rotina".
Ao se comprometer "a entregar os poderes e prerrogativas de presidente da República ao sucessor que o povo argelino escolher livremente", Bouteflika indica implicitamente que seguirá como chefe de Estado até o final de seu mandato, em 28 de abril de 2019.
"Não haverá quinto mandato e nunca foi minha intenção, pois meu estado de saúde e minha idade só permitem o cumprimento de um último dever perante o povo argelino, que é a instalação das bases de uma nova República", declarou Bouteflika.
O presidente argelino ressaltou que, desta forma, "satisfaz um pedido insistente que muitos de vocês [argelinos] expressaram".
Muitas buzinas de veículos começaram a ser ouvidas no começo da noite no centro de Argel.
Por sua vez, Noureddine Bedoui, até o momento ministro do Interior, foi nomeado primeiro-ministro em substituição a Ahmed Ouyahia, alvo, junto com Bouteflika, dos protestos no país.
Bedoui será encarregado de formar o novo governo, segundo a APS. Ele terá como vice-primeiro-ministro Ramtane Lamamra, nomeado igualmente à pasta das Relações Exteriores.
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