Rússia, Irã e União Europeia repudiam posição de Trump sobre colinas de Golã

Território foi conquistado por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias

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Fronteira entre Israel e Síria, separada por cerca, nas colinas de Golã - Jalaa Marey - 29.jun.2018/AFP
Beirute | Reuters

A declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse reconhecer a soberania israelense sobre o território das colinas de Golã, gerou críticas de países e organismos internacionais, como Turquia, Rússia, Irã e União Europeia.

O comentário feito por Trump na quinta-feira (21) marcou forte mudança na diretriz norte-americana sobre a condição de uma área que Israel capturou da Síria na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexou em 1981, em uma manobra sem reconhecimento internacional.

Rússia e Irã, aliados militares de Damasco, repudiaram o reconhecimento. A Rússia disse que a fala de Trump arrisca desestabilizar seriamente a região, e diz esperar que tenha sido apenas algo declaratório.

O Irã disse que a posição norte-americana é ilegal e inaceitável, e a Rússia defende que uma mudança no status das colinas de Golã seria uma violação direta de resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Este reconhecimento ilegal e inaceitável não muda o fato de que elas (colinas de Golã) pertencem à Síria", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano na TV estatal. ​

Tanto a Rússia quanto o Irã enviaram forças à Síria para apoiar o presidente Bashar al-Assad durante a guerra civil no país —Teerã despachou suas próprias forças e também apoia milícias xiitas regionais, como o libanês Hezbollah, que vêm auxiliando Damasco.

A União Europeia disse considerar que sua posição sobre o status das colinas de Golã está inalterada e que não reconhece a soberania de Israel sobre a área.

A Alemanha disse que qualquer mudança nas fronteiras deve ser feita por meios pacíficos entre todos os envolvidos. 

A Liga Árabe, que suspendeu a Síria em 2011, disse que o gesto de Trump é "completamente além da lei internacional".

A Turquia, aliada dos EUA e adversária do governo de Damasco, criticou o gesto. "O comunicado infeliz do presidente Trump ontem colocou a região à beira de uma nova crise", disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. 

O Egito, que assinou um acordo de paz com Israel em 1979, disse que ainda considera Golã como um território ocupado da Síria. 

A Síria prometeu recuperar o território. "A nação síria está mais determinada a libertar esta parte preciosa da terra nacional síria por meio de todos os meios disponíveis", disse um integrante do Ministério das Relações Exteriores da Síria, segundo a agência estatal Sana.

As colinas de Golã continuarão sírias e árabes, disse, afirmando que a declaração de Trump mostrou desprezo pela lei internacional. 

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que faz uma viagem pela região, visitou Beirute nesta sexta-feira. Pompeo disse que os EUA continuarão a usar todos os meios pacíficos para cortar os canais de financiamento que "fomentam as operações de terror do Irã e do Hezbollah".

Líderes alinhados ao Hezbollah, incluindo o presidente Michel Aoun, disseram a Pompeo que o grupo é um partido com apoio popular, que têm três ministros no governo e, junto a aliados, controlam mais de 70 dos 128 assentos do Parlamento. 

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pressionou os EUA para que reconhecessem sua reivindicação e aventou essa possibilidade em sua primeira reunião com Trump na Casa Branca, em fevereiro de 2017. 

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