Descrição de chapéu Governo Trump

Trump defende que EUA reconheçam soberania de Israel sobre Golã

Ato seria mudança significativa na política externa americana; Netanyahu agradece

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Washington e Jerusalém | AFP e Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira (21) que Washington reconheça a soberania de Israel sobre as colinas de Golã, região que os israelenses tomaram da Síria e anexaram em 1967 em uma ação nunca reconhecida pela comunidade internacional. 

Um reconhecimento da área disputada seria uma mudança significativa na política externa americana para o Oriente Médio, além de representar um apoio ao premiê Binyamin Netanyahu às vésperas das eleições de 9 de abril.

O premiê israelense Binyamin Netanyahu e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante visita ao Muro das Lamentações nesta quinta (21)
O premiê israelense Binyamin Netanyahu e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante visita ao Muro das Lamentações nesta quinta (21) - Abir Sultan/Reuters

Trump receberá Netanyahu na Casa Branca na próxima segunda-feira (25).

“Depois de 52 anos, é hora de os EUA reconhecerem completamente a soberania de Israel sobre as colinas de Golã”, escreveu Trump em uma rede social, referindo-se ao território como “de importância estratégica e de segurança chave para o Estado de Israel e a estabilidade regional”.

Em nota, Netanyahu agradeceu e disse que, com a declaração, Trump “fazia história”. 

“No momento em que o Irã busca usar a Síria como uma plataforma para destruir Israel, o presidente Trump reconhece corajosamente a soberania israelense sobre as colinas de Golã”, escreveu ele nas redes sociais. “Obrigado, presidente Trump!”

O novo posicionamento de Trump acontece a menos de 20 dias das eleições israelenses, pleito que pode tirar Netanyahu do poder. 

Segundo as pesquisas mais recentes, o atual premiê e seus apoiadores devem disputar o controle do Parlamento com a sigla centrista Kahol Lavan (Azul e Branco), do general da reserva Benny Gantz e do ex-âncora de TV Yair Lapid. 

Em entrevista à rede de TV Fox News, Trump negou que as declarações fossem uma forma de ajudar o aliado. 

“Eu ouvi que ele está indo bem [nas pesquisas]. Não sei se ele está, mas penso que o outro lado, independente de quem seja, também seja a favor do que acabei de fazer”, afirmou o americano. 

Em novembro do ano passado, os EUA votaram pela primeira vez contra uma resolução da ONU que considerava a anexação de Golã por Israel “nula e sem valor”. 

A região está sob controle de Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Logo após o conflito, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que pedia que o território fosse devolvido à Síria, o que nunca foi feito. 

Em 1973, Damasco tentou retomar o controle de Golã a força, mas foi derrotado. No ano seguinte, os dois países assinaram um armistício e forças da ONU passaram a atuar na fronteira como forma de diminuir as tensões. 

Com isso, em 1981 o Parlamento israelense aprovou uma lei que aumentou ainda mais o controle sobre o território, na prática anexando em definitivo Golã ao restante do país —o que a comunidade internacional, incluindo Washington, nunca reconheceu. A Síria sempre exigiu que a região fosse devolvida.  

Atualmente, Golã tem cerca de 40 mil habitantes, sendo que mais da metade é de drusos, uma minoria árabe. O restante da população é formado principalmente por israelenses que vivem nos assentamentos criados pelo governo após a anexação.

A declaração do presidente americano aconteceu no mesmo dia que seu secretário de Estado, Mike Pompeo, acompanhou o premiê israelense em uma visita ao Muro das Lamentações, em Jerusalém. Palestinos também reivindicam a área onde fica a construção. 

Desde que Trump anunciou que reconheceria a cidade como capital de Israel, no fim de 2017, nenhuma autoridade de primeiro escalão do governo americano tinha visitado o local. O americano também mudou a embaixada do país em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, em outra mudança da política americana para o Oriente Médio. 

O presidente Jair Bolsonaro já declarou que também gostaria de mudar a embaixada para Jerusalém, seguindo o que fez Trump. Até o momento, porém, o governo brasileiro não confirmou se e quando isso irá ocorrer.  

Bolsonaro tem viagem marcada para Israel no final de março para se encontrar com Netanyahu, que foi um dos principais líderes presentes em sua posse em Brasília.

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