Descrição de chapéu Venezuela

Com apagão, venezuelanos coletam água do esgoto

Também há falta de comida, e exportação de petróleo é interrompida

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Caracas e San Cristóbal | Reuters

Grande parte da Venezuela, incluindo áreas da capital Caracas, permanecia sem eletricidade nesta segunda-feira (11) pelo quarto dia seguido, comprometendo as vitais exportações de petróleo e deixando pessoas com dificuldade para obter água e comida.

O ditador Nicolás Maduro, que tem dito que o apagão sem precedentes é resultado de uma sabotagem dos Estados Unidos na usina hidrelétrica de Guri, determinou novamente a suspensão das aulas e do funcionamento de empresas e estabelecimentos comerciais, como havia feito na sexta-feira.

Fontes do setor de energia —de onde vem a maior parte das receitas externas da Venezuela, vital para o governo Maduro— disseram que as exportações do principal terminal petrolífero do país, José, foram interrompidas pelo blecaute.

O Congresso controlado pela oposição convocou uma sessão de emergência para discutir os cortes de energia, que associou com suposta negligência por parte do governo socialista de Maduro.

O mandato de Maduro está sendo contestado pelo líder do Congresso, Juan Guaidó, que invocou a Constituição venezuelana em janeiro para assumir a Presidência após declarar a reeleição de Maduro em 2018 uma fraude.

Guaidó foi reconhecido como presidente interino da Venezuela pelos EUA, pelo Brasil e pela maior parte dos países do Ocidente, mas Maduro mantém o controle das Forças Armadas e das instituições estatais.

O apagão, que começou na tarde de quinta-feira, tem intensificado a frustração entre venezuelanos que já sofrem com ampla escassez de alimentos e remédios, à medida que a antes próspera economia do país passa por um colapso hiperinflacionário.

Alimentos têm estragado dentro de geladeiras, hospitais têm enfrentado dificuldade para manter equipamentos funcionando e moradores têm se aglomerado nas ruas de Caracas em busca de instáveis sinais de telefonia para contatar familiares que vivem no exterior.

Nesta segunda-feira, venezuelanos faziam fila para encher recipientes com a água que escorriam de uma montanha próxima a Caracas e recolhiam água de um canal de esgoto do rio Guaire.

“Isso está me deixando louca”, disse Naile Gonzalez em Chacaíto, um bairro comercial de Caracas. “O governo não quer aceitar que isso é culpa deles, porque eles não fazem nenhuma manutenção há anos.”

Especialistas consultados pela Reuters acreditam que o apagão nacional começou em linhas de transmissão que levam a eletricidade da hidrelétrica de Guri ao sul da Venezuela.

A rede elétrica da Venezuela tem sofrido com anos de falta de investimento e manutenção. Restrições em importações têm afetado o fornecimento de peças de reposição, enquanto muitos técnicos qualificados têm deixado o país em meio a um êxodo de mais de três milhões de venezuelanos nos últimos três anos.

Na manhã desta segunda-feira, uma subestação de energia explodiu no sudeste de Caracas, cortando o fornecimento para áreas próximas, de acordo com testemunhas da Reuters.

A falta de eletricidade tem agravado uma crise em hospitais da Venezuela, que também sofrem com falta de investimentos e manutenção, além da escassez de medicamentos.

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