Assange está disposto a cooperar com as autoridades suecas, diz advogada

Prioridade do fundador do WikiLeaks é evitar extradição para os Estados Unidos

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Londres | AFP

Jennifer Robinson, advogada de Julian Assange, afirmou neste domingo (14) que o fundador do WikiLeaks está disposto a cooperar com as autoridades suecas caso decidam reabrir o processo de estupro contra ele, mas que sua prioridade continua sendo evitar a extradição para os Estados Unidos.

"Estamos absolutamente felizes de responder a estas perguntas se e quando forem apresentadas", disse Robinson ao canal Sky News.

Assange foi detido na quinta-feira (11) na embaixada do Equador em Londres, onde havia obtido asilo há sete anos para escapar de uma ordem de detenção britânica por acusações de estupro e agressão sexual em 2015, na Suécia —Assange sempre negou ter cometido as agressões.

A justiça da Suécia arquivou as acusações no segundo caso em 2017, por falta de condições para ouvir o criador do WikiLeaks. 

O australiano de 47 anos foi detido na quinta-feira devido a um pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusa de ter ajudado a ex-analista de inteligência Chelsea Manning a obter uma senha de acesso a milhares de documentos sigilosos.

Este pedido será analisado pela justiça britânica no início de maio.

Se a Suécia solicitar sua extradição, "pediremos as mesmas garantias que já formulamos, que não seja enviado aos Estados Unidos", declarou Robinson.

A advogada explicou que seu cliente buscou refúgio na embaixada do Equador ante a falta de tais garantias.

No sábado (13), mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta enviada ao ministério do Interior na qual pedem prioridade a uma possível ordem de extradição sueca.

"Julian nunca se preocupou em enfrentar a justiça britânica ou a justiça sueca", disse Robinson. "Este caso é e sempre foi sobre sua preocupação de ser enviado para a injustiça americana", completou.

A advogada também chamou de "escandalosas" as acusações de Quito contra o comportamento de Assange dentro da embaixada, de que que ele teria "manchado as paredes com seus excrementos".

O pai de Assange, John Shipton, pediu ao governo da Austrália que solicite a extradição de seu filho.

Shipton, que foi secretário do partido Wikileaks quando o filho se candidatou sem sucesso ao Senado nas eleições australianas de 2013, visitava Assange  na embaixada do Equador em Londres todos os anos, sempre no Natal .

"O Departamento de Relações Exteriores (DFAT) e o primeiro-ministro deveriam fazer algo", afirmou ao jornal australiano Sunday Herald Sun.

O pai afirmou ainda que ficou chocado com o mau aspecto físico do filho no momento da detenção.

"Eu vi a maneira como os policiais o arrastaram pela escada. Não tinha um bom aspecto. Tenho 74 anos e estou com um aspecto melhor que ele, que tem 47. Estou chocado", disse.

"Durante meses e meses viveu como um prisioneiro de segurança máxima. Não podia ira ao banheiro, havia câmeras vigiando todos os seus movimentos", afirmou Shipton.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse na sexta-feira (12) que Assange não receberia um tratamento especial de seu governo.

Ataques cibernéticos no Equador

O Equador, que retirou o asilo de Julian Assange, denunciou neste sábado (13) ter sofrido ataques cibernéticos, sem que estes tenham afetado portais do governo central.

Em sua conta no Twitter, Maria Paula Romo, ministra do Interior do Equador, afirmou que conseguiram acessar um email institucional e uma página de La Maná, cidade na província andina de Cotopaxi (centro). Por algumas horas no sábado, em vez da informação habitual havia uma fotografia de Assange sendo detido em Londres.

De acordo com Romo, nenhuma página do governo central, ou setores-chave do mundo privado foram interceptados.

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