Descrição de chapéu Venezuela Governo Bolsonaro

Bolsonaro diz que é 'próxima de zero' possibilidade de Brasil participar de ação armada na Venezuela

Presidente declara que cabe a ele decidir sobre intervenção, mas Rodrigo Maia afirma que definição precisa de aval do Congresso

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (30) que é "próxima de zero" a possibilidade de o Brasil participar, ainda que de forma indireta, de uma intervenção militar na Venezuela.

"A hipótese de nós participarmos de forma mesmo indireta de uma intervenção armada é muito difícil, não vou dizer que é zero, mas é próxima de zero", afirmou em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça (30)
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça (30) - Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro lembrou que uma ação militar não é descartada pelo presidente americano, Donald Trump, e que se os EUA solicitassem uso de território brasileiro ele analisaria o caso.

"Eu entendo que isso não é uma figura de retórica por parte dele [Trump], é uma possibilidade, sim. Em ele, por ventura, querendo usar o território brasileiro, eu digo o seguinte: eu convocaria o Conselho Nacional de Defesa, ouviria todas as autoridades do Conselho Nacional de Defesa e tomaria uma decisão", afirmou.

Nas redes sociais, o presidente disse que uma decisão sobre ação militar do Brasil no país vizinho é de exclusividade do chefe do Executivo.

"A situação da Venezuela preocupa a todos. Qualquer hipótese será decidida exclusivamente pelo presidente da República, ouvindo o Conselho de Defesa Nacional. O governo segue unido, juntamente com outras nações, na busca da melhor solução que restabeleça a democracia naquele país", escreveu.

Logo depois, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retrucou Bolsonaro e afirmou que uma declaração de guerra contra a Venezuela precisaria de aprovação do Congresso.

"Em relação ao tuite do presidente Jair Bolsonaro sobre a situação da Venezuela, é importante lembrar que os artigos 49, II c/c art 84, XIX; c/c art. 137, II da Constituição Federal precisam ser respeitados", escreveu o deputado nas redes sociais. 

"E eles determinam que é competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar uma declaração de guerra pelo Presidente da República."

A resposta pública de Maia mostra que a relação entre os presidentes dos Poderes continua tensa, apesar dos gestos de aproximação da semana passada, em que Bolsonaro agradeceu a Maia em pronunciamento. 

Ainda durante a entrevista, Bolsonaro falou que não é tradição do Brasil o envolvimento em conflitos de outros países e que, na sua visão, isso seria uma aventura nesse momento.

"Nós não queremos falar em invasão da Venezuela, teria que analisar muita coisa. Até que tipo de guerra seria isso dai. Isso seria uma aventura no meu entender. Agora, em última análise, em última hipótese existe essa questão, mas não nós invadirmos, não é a nossa vocação", afirmou.

Questionado sobre se o governo brasileiro está em contato com os EUA, Bolsonaro não deu detalhes, mas informou que isso passa pela área de inteligência de seu governo e que ele é informado de todos os dados.

"Nós trabalhamos de forma bastante unida buscando a solução para o problema de forma pacifica. Esse é o nosso objetivo número um, mas como todo bom militar você tem que analisar todas as hipóteses, mas não passa pela nossa cabeça  ainda qualquer ação militar na Venezuela.

Ele repetiu mais de uma vez que Trump —a quem se referiu ser uma pessoa que "admira, respeita e por quem torce muito"— conta com todas as possibilidades à mesa sobre a Venezuela.

Depois da entrevista de Bolsonaro, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que o governo descarta completamente participar de uma intervenção militar, mas não desconsiderou completamente uma ação indireta —o uso de território brasileiro para que forças estrangeiras, como a dos EUA, operem na Venezuela.

Apesar disso, Rêgo Barros disse que trata-se de "uma possibilidade muito pequena" e que o governo não vislumbra essa hipótese neste momento. 

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