O líder do golpe militar no Sudão, que também havia assumido a chefia do governo instaurado pelo Exército no país na quinta (11), após a queda do ditador Omar al-Bashir, anunciou nesta sexta (12) sua renúncia.
O ministro da Defesa, Awad Ibn Auf, comunicou sua decisão na TV estatal, depois de manifestantes terem tomado as ruas da capital Cartum dizendo que o governo militar recém-instaurado seria uma continuação da ditadura de mais de 30 anos vigente no país.
Ao menos 16 pessoas morreram durante os protestos na quinta-feira (11) e nesta sexta. Outras 20 ficaram feridas devido a balas perdidas, de acordo com a polícia sudanesa.
O tenente-general Abdel Fattah Abdelrahman Burhan será o novo chefe do conselho militar de transição, que deve durar dois anos, de acordo com o Exército.
Mais cedo na sexta-feira (12), a junta militar desmentiu ter dado um golpe de Estado para destituir o mais longevo ditador da África, em uma tentativa de dar tranquilidade à comunidade internacional e aos manifestantes.
"O papel do conselho militar é proteger a segurança e a estabilidade do país", disse a diplomatas Omar Zinelabidine, chefe do comitê político da junta militar.
"Iniciaremos um diálogo com os partidos políticos para estudar como governar o Sudão. Haverá um governo civil, e não interviremos em sua composição", completou.
As Forças Armadas afirmaram que Bashir está detido, mas que não será entregue ao exterior. O Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), tem um pedido de prisão ao ex-ditador por crimes de guerra.
Bashir, 75, que enfrentava manifestações ininterruptas nos últimos quatro meses, liderava o país com mão de ferro desde que chegou ao poder com um golpe em 1989.
Um dos motivos que deram início aos protestos foi a crise econômica —a inflação foi a 70% nos últimos anos. O estopim das manifestações foi o aumento do preço do pão, cujos subsídios haviam sido cortados pelo governo.
Além disso, o país perdeu importantes receitas com petróleo após a independência do Sudão do Sul, conquistada em plebiscito em 2011.
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