Conselho de Segurança da ONU abre cortinas pela primeira vez desde ataque a Che Guevara

Em 1964, tiro de bazuca atravessou o rio East em direção ao prédio das Nações Unidas; cortinas ficaram fechadas desde então

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Reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação do Haiti aconteceu com as cortinas abertas pela primeira vez em 55 anos  - Li Muzi /Xinhua
São Paulo

As cortinas da câmara do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, foram abertas na última quarta (3) pela primeira vez desde um incidente em 1964 —quando foi orquestrado um ataque de bazuca contra o prédio da ONU, onde discursava Che Guevara, na época ministro da Indústria de Cuba.

A decisão de deixar a luz do sol entrar na sala pela primeira vez em 55 anos foi da Alemanha, em um gesto simbólico que marcou o início de sua presidência do conselho no mês de abril, conforme relatou o jornal The Guardian.

“Transparência e maior abertura para membros e sociedade civil são cruciais não apenas simbolicamente, mas como uma prática de credibilidade e legitimidade”, escreveu o perfil da missão alemã na ONU em uma rede social.

O motivo pelo qual as cortinas não eram abertas há tanto tempo é um episódio pouco conhecido, ocorrido em 11 de dezembro de 1964. Naquele dia, um tiro de bazuca atravessou o rio East em direção ao prédio das Nações Unidas. 

Quem estava ali era Che Guevara, que fazia um discurso antiamericano para a Assembleia Geral. Mas o projétil errou o alvo e caiu na água a cerca de 180 metros do alvo, apenas sacudindo as janelas, como noticiou na época o New York Times.

Reunião do conselho acontecendo com as cortinas fechadas, como era de costume - Li Muzi - 30.mar.2019/Xinhua

De acordo com o jornal, Che nem chegou a pausar sua fala. Mais tarde, caminhando pelo prédio, disse, entre tragos de charuto, que a explosão “deu mais sabor à coisa toda”.

O ataque, diz o Times, ocorreu ao mesmo tempo em que cubanos anticomunistas protestavam do lado de fora da ONU contra a presença de Che.

Uma investigação determinou posteriormente que, caso a bazuca tivesse sido posicionada corretamente, o tiro teria entrado no prédio —especialmente se passasse por uma janela, de acordo com a página SCProcedure.org, que acompanha as movimentações do Conselho de Segurança.

Desde então, as grossas cortinas permaneceram fechadas para proteger os diplomatas de estilhaços de vidro no caso de um ataque bem-sucedido. E só puderam ser abertas nesta semana porque uma reforma na câmara em 2013 instalou vidros inquebráveis nas janelas, a fim de diminuir o risco de acidentes, diz o Guardian.

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