Eleição na Espanha registra forte comparecimento às urnas

Na Catalunha, participação é a mais alta em 40 anos

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Menina acompanha os pais na votação das eleições parlamentares da Espanha, em Pola de Siero
Menina acompanha os pais na votação das eleições parlamentares da Espanha, em Pola de Siero - Eloy Alonso/Reuters
Madri

A participação dos espanhóis nas eleições parlamentares deste domingo (28) é a segunda maior desde a redemocratização, há cerca de 40 anos, de acordo com um balanço parcial divulgado pelo Ministério do Interior no começo da tarde (manhã no Brasil).

Na Catalunha, que esteve no centro do debate político por causa de seu movimento independentista, o comparecimento subiu ainda mais e é o maior já aferido até o começo da tarde de uma jornada eleitoral –o levantamento foi fechado às 14h, mas as seções ficam abertas até as 20h no país todo, onde o voto não é obrigatório.

A pesquisa nacional mostra que 41,49% dos eleitores já haviam passado nos centros em que estão registrados, um índice 4,6 pontos percentuais superior ao observado no mesmo horário, no último pleito, em 2016 –que terminaria com abstenção recorde, de quase 34%.

A única vez em que mais pessoas apareceram para votar até as 14h (41,8%) foi em 1993, quando o socialista Felipe González elegeu-se para seu quarto e último mandato.

As estatísticas para a Catalunha apontam um interesse vívido na comunidade autônoma pela definição da próxima legislatura. Ali, a mobilização até as 14h chegou a 43,5%, um aumento de 11,2 pontos percentuais em relação a 2016.

Em detalhe, os números do Ministério do Interior para a região sugerem um comparecimento  especialmente vigoroso em perímetros nos quais o discurso separatista têm mais entrada, como Girona e Llleida. Já em Barcelona, onde há muito catalanismo não secessionista, o índice progrediu menos (10,8 pontos percentuais) do que na média geral.    

Nos últimos 20 anos, a participação no plano nacional tem oscilado entre 65% e 75%. Taxas mais altas de comparecimento costumam beneficiar a esquerda, segundo analistas, já que o eleitor de direita é mais assíduo, demanda menos incentivo para ir votar.

Pesquisas de intenção de voto para este domingo mostram o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) do premiê Pedro Sánchez na dianteira, com uma diferença confortável em relação ao segundo colocado, o rival histórico PP (Partido Popular, direita).

Os socialistas, no entanto, não devem chegar nem perto de obter maioria. A se confirmarem os prognósticos, eles precisarão buscar apoios no campo progressista para formar um governo. O Podemos (esquerda radical) já sinalizou interesse em uma aliança.

A negociação promete ser mais renhida com outras legendas, sobretudo as ligadas ao independentismo catalão. Em junho de 2018, elas desempenharam papel-chave na aprovação da moção de censura contra o governo conservador apresentada por Sánchez –e que alçou o líder do PSOE à chefia de governo da Espanha.

O relacionamento azedou, porém, quando o novo primeiro-ministro se recusou a ceder a uma pauta central dos separatistas: o reconhecimento, por Madri, do direito catalão à autodeterminação.

Em resultado da ruptura, os partidos independentistas rejeitaram a proposta de orçamento do governo para 2019, na prática forçando Sánchez a convocar as eleições que acontecem neste domingo –seguido o calendário normal, elas não ocorreriam antes de junho de 2020.

Outro resultado possível no domingo é a formação de um grande arco de direita para administrar o país. O pacto incluiria PP, Cidadãos (oficialmente, de centro, mas cada vez mais conservador) e o novato Vox, este em rota para se tornar o primeiro partido de ultradireita a conquistar cadeiras no Congresso de Deputados desde o fim da ditadura franquista. 

Espanhóis votam em Alcala de Henares, perto de Madri - AFP
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