Erdogan culpa 'crime organizado' por derrota em Istambul e pede recontagem

Oposição venceu eleição pelo comando da cidade, mas presidente não reconhece resultado

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Istambul e Ancara | Reuters e AFP

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu nesta segunda-feira (8) que seja feita uma recontagem total dos votos da eleição municipal de Istambul, na qual o candidato governista saiu derrotado, e não descartou a realização de um novo pleito.   

Sem mostrar provas, ele afirmou que uma ação de "crime organizado" manipulou as urnas contra o seu governo. 

A maior cidade do país é comandada por Erdogan e seus aliados desde 1994, quando ele mesmo foi eleito prefeito. A votação realizada em 31 de março, porém, indicou vitória da oposição.

Caso confirmada, será a maior derrota eleitoral do presidente desde que ele chegou ao poder, em 2003.  

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deposita seu voto durante a eleição municipal em Istambul
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deposita seu voto durante a eleição municipal em Istambul - Bulent Kilic - 31.mar.19/AFP

Em um universo com 10 milhões de eleitores, Ekrem Imamoglu, do secular Partido Popular Republicano (CHP), ficou pouco mais de 20 mil votos à frente de Binali Yıldırım, candidato do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) —o mesmo de Erdogan.  

Imediatamente o presidente e seus aliados acusaram a votação de fraude e pediram a recontagem dos votos. 

O Conselho Eleitoral, responsável por supervisionar as eleições, autorizou uma recontagem apenas parcial. Até agora, o processo está 95% concluído e segue apontando vitória da oposição, embora com uma vantagem menor, de 15,5 mil votos. 

Isso fez o presidente subir o tom das críticas ao afirmar que houve um "roubo nas urnas". 

"Não se trata de irregularidades pontuais aqui e ali, e sim de uma votação que foi toda irregular", afirmou em uma entrevista coletiva antes de embarcar para a Rússia, onde se reúne com o presidente Vladimir Putin.  

"Nosso partido registrou delitos feitos de maneira organizada", afirmou Erdogan, que defendeu que a eleição deveria ser refeita caso a diferença entre os candidatos seja menor do que 1%. Os números iniciais mostraram vantagem de 0,28% para o candidato oposicionista —48.79% contra 48.51%. 

No domingo (7), o vice-presidente do AKP, Ali Ihsan Yavuz, já tinha dito que a sigla entraria com um pedido na comissão eleitoral para que a recontagem fosse refeita em 38 dos 39 distritos de Istambul e que, no outro, fosse anulada.  

Erdogan afirmou que só aceitará a vitória oposicionista após esse pedido ser analisado.  

"Ninguém tem o direito de comemorar vitória com uma margem de 13 mil ou 14 mil em uma cidade de dez milhões de eleitores. Quando o recurso for julgado, nós aceitaremos o resultado", disse.

Além de sair derrotado em Istambul, o AKP também perdeu o comando da capital, Ancara, para o CHP. Um pedido de recontagem dos votos na cidade já foi descartado pela comissão eleitoral. 

A oposição ainda manteve o controle de Esmirna, a terceira maior cidade do país. 

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