A foto de uma criança chorando enquanto sua mãe é revistada por agentes dos Estados Unidos na fronteira do país com o México venceu a edição 2019 do World Press Photo, a principal premiação do fotojornalismo mundial.
A imagem do americano John Moore acabou se tornando símbolo da separação de crianças de seus pais na fronteira, determinada pelo presidente Donald Trump em 2018 —embora a criança na imagem não tenha sido separada da mãe.
Em entrevista à Folha em março, Moore criticou a forma como o governo americano lida com os imigrantes e descreveu a foto como “um breve momento de ansiedade de separação”.
Em junho do ano passado, dias depois de Trump ter determinado que crianças seriam separadas de seus familiares ao atravessarem ilegalmente a fronteira com o México, Moore pediu a agentes da CBP ( a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras) para acompanhá-los.
Assim encontrou Sandra, a mãe, e Yanela, a criança de dois anos, que chegavam a McAllen, no Texas, após atravessar o rio Grande em um bote com outras dez pessoas.
Por volta de meia-noite, quando o grupo era revistado por agentes de segurança, o oficial pediu à mulher que soltasse a criança no chão, “momento no qual me ajoelhei em uma perna e tirei seis fotos”.
Nas semanas seguintes, Sandra e Yanela passaram por três centros de detenção de imigrantes no Texas. Um foi descrito por Sandra como “caixa de gelo”, porque era muito frio, e outro comparado a um canil, pois elas se sentiam em jaulas para cachorros.
A dupla foi então levada para a região de Washington, onde está até hoje esperando a primeira audiência da justiça de imigração.
Além da imagem ganhadora, outras cinco fotos concorriam ao prêmio principal, todas abordando temas de impacto mundial como a guerra na Síria e a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi. Em 2018, o vencedor foi um registro de um protesto contra o ditador Nicolás Maduro na Venezuela.
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