Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Honduras anunciou escritório comercial em Jerusalém três dias antes do Brasil

Países querem marcar pontos com os EUA e evangélicos, sem romper com árabes

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Juan Orlando Hernández, presidente de Honduras, em discurso na sede da OEA, em Washington, em fevereiro - Andrew Caballero-Reynolds - 28.fev.2019/AFP
São Paulo

O Brasil não foi o único país a anunciar a abertura de um escritório de representação comercial em Jerusalém como forma de marcar pontos com os americanos e com os evangélicos, ao mesmo tempo em que minimiza retaliações dos países árabes.

Na quinta-feira (28), o governo de Honduras anunciou que iria abrir um escritório comercial em Jerusalém como “um primeiro passo”. Tal como o presidente Jair Bolsonaro, o líder hondurenho, Juan Orlando Hernández, havia prometido mudar a embaixada hondurenha em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

Mas Hernández se viu obrigado a recuar diante de ameaças da Liga Árabe, que afirmou que a mudança poria em risco a “amizade de Honduras com o mundo árabe”.

“Hoje, anunciei o primeiro passo, a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, a capital de Israel, e será uma extensão de nossa embaixada em Tel Aviv”, disse o hondurenho no dia 28.

Além disso, Honduras esperava usar a mudança de embaixada para convencer os EUA a não cortarem a ajuda financeira ao país. No entanto, Trump cumpriu as ameaças e anunciou um corte de US$ 500 milhões em ajuda que os EUA davam aos três países do Triângulo Norte –Guatemala, El Salvador e Honduras– de onde partem a maioria dos imigrantes que entram nos EUA de forma irregular.

O americano diz que não há nenhuma contrapartida de Honduras em relação a coibir a imigração ilegal de hondurenhos para os EUA, que vem batendo recordes.

Segundo jornais israelenses, Netanyahu vinha mediando conversas entre o governo americano e Honduras para que Washington mantivesse a ajuda a Tegucigalpa em troca da mudança da embaixada hondurenha para Jerusalém.

Bolsonaro, ao recuar de sua promessa de mudança da embaixada, tentou evitar um atrito ainda maior com os países árabes, que insinuaram boicote à importação de carne brasileira.

A medida ainda gerou protestos por parte da Autoridade Nacional Palestina, com quem as relações, no entanto, não envolvem trocas comerciais.

Porém, Bolsonaro frustrou a ambição do premiê Binyamin Netanyahu, em plena campanha para as eleições que se realizam dia 9 de abril, de apresentar esse grande trunfo ao eleitorado conservador.

O governo brasileiro também tenta passar a mensagem de que o escritório comercial é apenas o primeiro passo. “No mundo real o PR afirma que irá mudar [a embaixada para Jerusalém] e muito antes do final de seu mandato”, disse no Twitter o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Os palestinos reivindicam Jerusalém como capital, assim como Israel. Estados Unidos e Guatemala são os únicos países que reconheceram Jerusalém como capital de Israel e anunciaram a transferência de suas embaixadas para a cidade.

Enquanto o conflito não é resolvido, a maior parte dos países segue a orientação da ONU e mantém suas representações em Tel Aviv.

Parte dos evangélicos apoia o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense porque acreditam que o Apocalipse e o retorno de Jesus Cristo só acontecerão se os judeus estiverem em Israel e Jerusalém for recuperada.

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